Marisa Matias diz que a única "saída limpa" foi para a banca alemã e francesa

No Funchal, a cabeça de lista do BE às europeias avisou que as regiões autónomas vão ser as mais penalizadas com os cortes do Orçamento europeu.

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Marisa Matias está no Parlamento Europeu desde 2009 Paulo Ricca/Arquivo

A cabeça de lista do BE às eleições europeias, Marisa Matias, disse este domingo, no Funchal, que a única saída limpa que houve foi para a banca alemã e francesa, numa alusão a uma entrevista do ex-conselheiro económico de Durão Barroso ao PÚBLICO.

Nessa entrevista, ex-conselheiro económico do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, Philippe Legrain, diz que "as ajudas a Portugal e à Grécia foram resgates aos bancos alemães".

"Não houve nenhuma saída limpa, a única saída limpa que existiu, como nós temos dito à exaustão, foi para a banca comercial alemã e para a banca comercial francesa", disse Marisa Matias no almoço-comício no Funchal no âmbito das eleições europeias.

"Para o povo, a saída limpa foi mais desemprego, mais desigualdade social, foi menos saúde, menos educação e uma dívida que não para de aumentar e é cada vez mais insustentável", acrescentou.

Para Marisa Matias, a declaração do ex-conselheiro económico que negociou com Durão Barroso "os termos do resgate (...) é uma coisa que não se pode deixar passar. É uma forma, muito clara e muito transparente de destapar toda esta vergonha de quem mentiu" aos portugueses.

A candidata considerou que "é, por isso, tão importante que, no dia das eleições, o povo português vá votar de pé, de pé pela dignidade, de pé pelo respeito, de pé pela democracia, pelos direitos que estão a ser roubados", finalizou.

No almoço-comício também participou Deesy Pinto, mandatária da candidatura de Rodrigo Trancoso que é o candidato do BE na Madeira ao Parlamento Europeu.

Regiões mais penalizadas

Noutro ponto da campanha na Madeira, a cabeça de lista do BE afirmou também que as regiões autónomas serão as mais penalizadas com os cortes do orçamento europeu para as politicas de coesão territorial.

Marisa Matias fez esta observação no final de uma reunião com o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafofo, eleito pela coligação Mudança que reúne os partidos PS, PTP, PND, PAN, BE e MPT.

"Estivemos a conversar sobre questões que estarão em discussão já no próximo mandato no Parlamento Europeu e nas instituições europeias logo a seguir às eleições e que serão determinantes para a Região Autónoma da Madeira, nomeadamente as questões relativas ao novo POSEI, ao quadro de financiamento às regiões ultraperiféricas, cuja proposta da Comissão Europeia é muito má porque promete reduzir ainda mais o investimento na coesão territorial", disse.

A candidata disse ter também abordado a questão da "condicionalidade macroeconómica dupla" com sanções para quem não cumprir o défice da dívida que "se podem traduzir na suspensão temporária ou permanente dos fundos comunitários".

"Nesse sentido, obviamente que as regiões autónomas são das que estarão permanentemente mais sob ameaça porque vivem muito dos fundos comunitários e essa é umas das questões que devemos acompanhar com muita atenção no próximo mandato", declarou.

Para a eurodeputada, "é preciso ter uma posição forte que bloqueie aquelas que são as intenções da Comissão Europeia de reduzir ainda mais a redistribuição de recursos e, portanto, não promover uma maior coesão territorial".

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