Relações com Portugal cada vez mais “sólidas” e a “subir de nível”, afirma o Jornal de Angola

Editorial do jornal considera “normal” a existência de “situações menos boas”, e atribui as culpas à imprensa, sistema judicial e alguns políticos portugueses “saudosistas”.

As relações entre Angola e Portugal nunca foram tão sólidas e os laços institucionais tendem a subir de nível, escreve esta quinta-feira em editorial o Jornal de Angola.

Sob o título "Angola e Portugal Juntos", o editorial do diário estatal angolano destaca ser "normal" que as relações entre os dois países passem também por "situações menos boas" – como as de há alguns meses -, mas é mais importante "a capacidade de se ultrapassar os percalços e evoluir-se positivamente para os pontos que os unem".

O texto sobre as relações luso-angolanas surge um dia depois de a ministra da Justiça portuguesa ter terminado uma visita de seis dias a Angola. Paula Teixeira da Cruz chegou a Luanda na passada sexta-feira e regressou na quarta-feira à noite, embora só tenha tido agenda pública durante três dias. Esteve acompanhada pelo director nacional da Polícia Judiciária.

O Jornal de Angola enaltece o papel exemplar exercido pelos actores políticos na "boa gestão dos acidentes de percurso", procurando institucionalmente fortalecer os laços bilaterais a cada dia que passa. "Para muitos, não era expectável que instituições dos dois países, independentes e soberanos, com uma profundidade de conhecimento e interesse mútuos, pudessem arriscar tanto os laços bilaterais por causa de questões ligadas ao vazamento para a imprensa de documentos e informações de foro judicial", lê-se no editorial.

A responsabilidade pelos "sérios problemas" causados à relação bilateral é atribuída aos órgãos de imprensa lusos, "com alguma conivência ou incúria dos órgãos judiciais", por promoverem a violação sistemática do segredo de justiça em Portugal. "Embora os laços e a cooperação económica nunca estivessem em causa, na verdade, os inícios de mal-estar fomentados pela imprensa portuguesa deveram-se, em grande medida, a algum saudosismo de alguns sectores políticos que se incompatibilizam com o estado actual das relações bilaterais", é sublinhado no texto.

O Jornal de Angola realça que "os tempos não aconselham tácticas e procedimentos irresponsáveis que acabam por minar relações entre Estados, numa altura em que as relações políticas são excelentes, em que cresce o volume de negócios e as trocas comerciais". E apela para que essa fase menos boa nas relações entre os dois países sirva para "uma melhor aprendizagem" e para "encarar o futuro com mais seriedade e responsabilidade"."As relações bilaterais nunca foram tão sólidas como as que testemunhamos actualmente, numa altura em que os laços ao nível institucional tendem a subir de nível", remata o jornal.

Durante a visita a Angola, a ministra da Justiça portuguesa visitou o mausoléu de António Agostinho Neto e o Museu das Forças Armadas no sábado; na segunda-feira reuniu com a Comissão da Reforma da Justiça e do Direito, com o ministro do Interior, o provedor de Justiça, os presidentes do Tribunal Constitucional e do Tribunal Supremo, e com o procurador-geral da República, e deu uma palestra sobre “Os desafios da reforma da Justiça e do Direito em Portugal”. No dia seguinte, Paula Teixeira da Cruz participou na Conferência sobre Cooperação Jurídica e Judiciária Internacional, em que participaram ministros da Justiça dos países de língua oficial portuguesa.

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