RTP teve 15,5 milhões de euros de lucro, bem acima do esperado

Presidente prevê uma redução das receitas comerciais este ano mas espera conseguir cortar nos custos. E admite lançar canal infantil.

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O presidente da RTP, Alberto da Ponte, fala em redução “brutal” nos custos operacionais Daniel Rocha

Depois de em 2012 a RTP ter dado um lucro excepcional de 41,4 milhões de euros devido aos resultados de operações financeiras, no ano passado o serviço público de rádio e televisão conseguiu fixar o resultado líquido do grupo em 15,5 milhões de euros de lucros, ainda assim bem acima dos 2,4 milhões previstos no orçamento.

Este resultado positivo foi conseguido à base de cortes na despesa com fornecimentos e serviços externos, que totalizaram 35,6 milhões de euros - menos 11% que os 39,9 milhões do ano anterior - e também num desinvestimento na grelha, cujo custo emagreceu de 96,6 milhões em 2012 para os 68,5 milhões no ano passado. O veículo financeiro Eurogreen associado ao empréstimo bancário da empresa que em 2012 permitira um lucro elevado teve no ano passado um efeito negativo nas contas.

A RTP teve rendimentos operacionais de 234,6 milhões de euros: 40,4 milhões de receitas comerciais (acima da última estimativa de 36 milhões, mas dentro do previsto no Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento); 52 milhões, ainda com IVA, da indemnização compensatória; 139,8 milhões da CAV - contribuição para o audiovisual e mais 12,1 milhões da contribuição que estava em atraso da Madeira). E registou gastos operacionais na ordem dos 210,3 milhões de euros. O resultado operacional da RTP fixou-se nos 25,6 milhões de euros, 16% acima do ano anterior e 13,6 milhões de euros acima do orçamento.

A RTP aumentou ligeiramente, em quatro milhões, o passivo bancário que agora se cifra em 124,4 milhões de euros.

Na sessão de apresentação das contas de 2013, o presidente, Alberto da Ponte, salientou que entre 2011 e o final deste ano a RTP terá feito uma redução “brutal” nos custos operacionais, passando dos então 306,6 milhões de euros para os 201,4 milhões com que tenciona fechar este ano. Mas isso significa que terá que continuar a cortar custos. Porque para 2014 as perspectivas são de uma redução nas receitas comerciais, com o orçamento a prever apenas 35 milhões de euros, ainda que o presidente se mostre esperançado em conseguir um valor mais alto. E já não contará com a indemnização compensatória, apesar de ir receber mais da CAV (165,8 milhões). E, por último, vai gastar mais em grelha (prevê aumentar em 31%, para os 89,5 milhões), podendo mesmo lançar um novo canal destinado ao público infantil – antes, a administração terá que avaliar as obrigações do novo contrato de concessão que recebeu há pouco tempo e que deverá ser assinado em breve.

Os cortes serão feitos através da externalização da manutenção, da revisão do estatuto dos centros das regiões autónomas e na redução de custos com pessoal. Sabe-se que entre Setembro de 2012 e Janeiro deste ano saíram 310 pessoas, a administração mantém segredo sobre os recentes planos de rescisões amigáveis, cujo último termina na segunda-feira, dia 31. Alberto da Ponte revelou apenas que com as saídas a empresa gastou 13,5 milhões de euros em indemnizações mas conseguiu poupar 10 milhões para este ano. O cenário do despedimento continua em cima da mesa, mas primeiro haverá cortes em “regalias”.

 

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