"Falso padre" julgado em Braga por furto de arte sacra e burla a capelão

"É um burlão muito inteligente, com histórias bem engendradas, com muita mobilidade", disse a PJ.

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O Ministério da Justiça pretende extinguir tribunais em 57 municípios Daniel Rocha

Um “falso padre” detido em 2013 pela Polícia Judiciária começa a 19 de Março a ser julgado no Tribunal de Braga, acusado de furto de arte sacra numa igreja desta cidade e de burla ao respectivo capelão.

Segundo a acusação, deduzida pelo Ministério Público (MP), no somatório dos dois crimes está envolvido o valor de 14.700 euros.

A acusação refere que Agostinho Caridade, de 41 anos e natural de Aguiar, Barcelos, promoveu um peditório público em vários locais de Braga, em 2012, para o alegado tratamento de um filho em Cuba.

Apresentando-se como “maquinista da CP”, foi conquistando a confiança de párocos e sacristãos, nomeadamente na Igreja de Senhora-a-Branca.

Em Julho desse mesmo ano, pediu 7200 euros emprestados ao reitor dessa igreja, que “condoído” lhe passou dois cheques, totalizando aquele valor.

O arguido foi a uma loja de cópias pedir que lhe assinassem os cheques, para que o banco os pagasse.

A 04 de Março de 2013, e também aproveitando a confiança conquistada junto dos responsáveis daquela igreja, conseguiu introduzir-se no templo e furtar duas imagens de arte sacra, um Menino Jesus no valor de 2500 euros e uma Senhora da Rosa estimada em 5000 euros.

No dia seguinte, tentou vender as imagens numa casa da especialidade em Braga, mas a gerência desconfiou e chamou a polícia, mas Agostinho Caridade pôs-se em fuga, deixando as imagens no local.

Em Maio, a Polícia Judiciária (PJ) deteve-o, em Lisboa, apresentando-o como suspeito da prática dos crimes de furto de obras de arte e bens culturais religiosos, burla, falsificação de documentos e usurpação de funções.

Ficou em prisão preventiva.

A investigação da PJ começara com participações de furtos em igrejas em Lisboa.

“Furtava imagens e coroas dos santos, cálices, salvas, crucifixos e obras de arte religiosas e vendia-as a estabelecimentos como antiquários, mas também a receptores do mercado paralelo", avançou na altura fonte da PJ.

Segundo a Judiciária, o "falso padre" possui “vastos conhecimentos” e experiência na área eclesiástica.

"É um burlão muito inteligente, com histórias bem engendradas, com muita mobilidade. Circulava entre Lisboa e o norte do país, sempre em transportes públicos e dormia em pensões, o que dificultava as investigações", afirmou ainda a fonte.

Caridade presidiu a várias cerimónias religiosas um pouco por todo o país, incluindo um casamento na Sé de Braga.

Em 2011, foi condenado a dois anos e meio de prisão, com pena suspensa, pelo Tribunal de Santo Tirso, pelos crimes de usurpação de funções e de burla qualificada.

Antes, em 2010, Agostinho Caridade já tinha sido condenado a 350 dias de multa, à taxa diária de cinco euros, igualmente pelos crimes de usurpação de funções e de burla.

As vítimas foram um casal de idosos de Santão, Felgueiras, em cuja residência o “falso padre” realizou vários exorcismos e celebrou uma missa, em Novembro de 2008.

Em ambos os casos, foi julgado à revelia, porque as autoridades não o conseguiram localizar.

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