Três mortos em dia de manifestações pró e contra Nicolás Maduro em Caracas

Dos mortos que resultaram dos motins no final das manifestações, um era do campo pró-governo, outro da oposição.

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Milhares de pessoas protestaram contra o governo de Maduro na Praça Venezuela, na capital Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Pelo menos três pessoas morreram em motins após duas manifestações esta quarta-feira em Caracas, uma a favor e outra contra o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Milhares de pessoas saíram para as ruas da capital da Venezuela na maior manifestação contra o governo de Maduro desde a sua eleição, em Abril do ano passado. A confusão instalou-se com a organização de um outro protesto, de apoiantes do Presidente venezuelano. O Presidente, Nicolás Maduro, acusou a oposição de tentar derrubar o Governo e segundo o jornal El Universal, os serviços secretos receberam entretanto ordem para prender um opositor, Leopoldo López, acusado de homicídio entre outros crimes.

Quanto às manifestações de quarta-feira na capital, o jornal norte-americano Wall Street Journal descreve protestos pacíficos, com uma multidão de cerca de 10 mil pessoas. Mas ficou um grupo de cerca de 100 estudantes, que começaram a incendiar caixotes do lixo e a tirar pedras do passeio para atirar contra a polícia. Segundo o jornal, um grupo de vigilantes pró-governo disparou contra os estudantes, matando um. 

A notícia da morte do primeiro manifestante foi avançada pela agência Reuters, com base nos testemunhos de um operador de câmara e um fotógrafo da agência, que ouviram tiros e viram um manifestante a cair e a ser levado já morto. 

Um fotógrafo da agência AFP disse também que dois manifestantes da oposição foram feridos por tiros disparados por homens que fugiram de motorizada – na terça-feira, cinco estudantes foram feridos em circunstâncias semelhantes em Mérida, no noroeste do país.

Segundo o Wall Street Journal, morreu também o líder do colectivo 23 de Janeiro (pró-Governo) em circunstâncias que não são claras.

"Quem assassinou vai pagar"
O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, do partido de Nicolás Maduro, falou à Reuters de um manifestante morto do grupo pró-governo. "Quem assassinou este camarada, este patriota, vai pagar", disse Cabello numa declaração na estação estatal.

Um pouco mais tarde foi confirmada uma terceira morte e o Presidente disse ainda que havia um ferido em estado crítico.

“Querem derrubar o governo pela violência”, acusou Maduro. “Não vamos permitir mais ataques”.

Os manifestantes anti-governo exigem a demissão de Maduro, que apontam como responsável pelo aumento dos índices de criminalidade e pelos graves problemas económicos que o país atravessa. "Todos estes problemas – a falta de bens, a inflação, a insegurança, a falta de oportunidades – têm um único culpado: o governo", disse à multidão reunida na Praça Venezuela, em Caracas, o antigo líder do município de Chacao Leopoldo Lopez, um dos principais rostos da oposição.

Maduro reafirmou que não irá abandonar o poder e que está a ser vítima de uma conspiração. "Emergiu uma facção nazi-fascista que pretende levar a Venezuela para o caminho da violência. Mas o que nós vamos ter é paz e prosperidade", declarou.

Os confrontos são o culminar de uma semana de manifestações cada vez mais fortes e violentas contra Maduro por todo o país. A maior parte têm sido protestos de estudantes, que se queixam de falta de segurança nas Universidades, e queixam-se também da crise económica que o país atravessa.

Forças de segurança detiveram alguns estudantes, o que deu origem a mais protestos pedindo a sua libertação.
A economia da Venezuela poderá entrar este ano em recessão, e a inflação poderá chegar 60% em 2014. Há rupturas de stock de alimentos, medicamentos e peças. 

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