A Yahoo está a mudar sua principal sede fiscal europeia da Suíça para a Irlanda, revela uma análise da Reuters aos relatórios da empresa. A decisão surge numa altura em que aumenta a pressão para as autoridades suíças abolirem alguns dos incentivos fiscais empresariais.

A empresa afirma que a mudança reflecte uma simplificação das operações na Europa e não foi motivada pela intenção de reduzir os encargos fiscais. “A Yahoo paga todos os impostos necessários e está em conformidade com as leis fiscais de todos os países em que opera”, afirmou uma porta-voz da empresa, Caroline MacLeod-Smith. Porém, especialistas afirmaram que é provável que as mudanças esperadas na legislação suíça tenham influenciado a decisão e que outras empresas poderão seguir o mesmo caminho.

“É óbvio que as razões fiscais são parte das razões pelas quais eles estão a sair da Suíça”, afirmou Frank Marty, do Economie Suisse, um grupo de lóbi. “Os regimes fiscais que temos são muito bons [a atrair empresas], mas há pressão para que a Suíça acabe com os regimes actuais. Os riscos são grandes”, acrescentou.

Actualmente, a Suíça oferece taxas fiscais a empresas que operam fora do país que são menos de metade das taxas impostas às empresas que operam internamente. Porém, as regras da União Europeia impedem os países de discriminar entre empresas domésticas e estrangeiras e Bruxelas já disse à Suíça que, se quiser mais acesso ao mercado comum, terá de acabar com esta prática.

A Suíça está a debater a possibilidade de harmonizar os impostos para empresas, numa taxa inferior aos actuais 21% que pratica para as companhias que operam internamente. Mas o académico Marius Brulhart, professor de Economia na Universidade de Lausanne, diz que o país não conseguirá chegar aos 12,5% da Irlanda.

A possibilidade de mudança no regime suíço já está a ser aproveitada pelas autoridades irlandesas. Barry O'Leary, presidente da IDA Ireland, uma agência responsável por atrair investimento para este país, afirma que tem estado em conversas com várias outras empresas sobre a possibilidade de se mudarem da Suíça para a Irlanda. “Se duas ou três se mudarem, isso já dá início a uma tendência”, afirmou.