Índia e o Mercado Lusófono em Goa

Trocar ideias e experiências vividas em cada país, que fossem úteis e replicáveis nos outros.

No Hotel Mandovi, Pangim, teve lugar o Congresso Índia e o Mercado Lusófono. À sessão de abertura e ao encerramento presidiu e falou o Ministro-Chefe de Goa, Manohar Parrikar. O nosso Embaixador em Delhi e o Presidente da CE-CPLP tiveram uma presença marcante.

O objectivo fundamental era a troca de ideias e experiências vividas em cada país, que fossem úteis e replicáveis nos outros; e também a apresentação de desenvolvimentos económicos recentes e realizações próximas de cada país, de modo a que outros, com know-how e experiência pudessem colaborar.

Um dos eixos era o das Empresas Sociais, muito em voga na India. Falou o Sr. Thulasiraj, do Aravind Eye Care System, que foi prémio da Fundação Champalimaud, dedicado aos cuidados da visão, em particuar das cataratas. Faz anualmente mais de 300.000 operações às cataratas, sendo 2/3 delas feitas gratuitamente, por se tratar de pessoas pobres. Falou em videoconferência o Dr. Devi Shetty, do Narayana Health Group, do seu Hospital de Bangalore, com o seu imenso projecto de levar cuidados complexos de saúde a todos os cidadãos. Também Vekat Changavalli, que operacionalizou o número de Emergência 108, há cerca de 7 anos, e hoje já atende uma população de cerca de 500 milhões, com mais de 5.000 ambulâncias, dando um serviço de boa qualidade, muito apreciado. Também teve uma impressionante apresentação Manoj Kumar, Presidente da Fundação Naandi. Esta desenvolve grande variedade de programas intensivos de 3 meses, garantindo, no 91.º dia, trabalho para todos os participantes; entre estes, dá prioridade aos que não estão empregados. Os participantes pagam uma quantia pequena, para valorizam a formação que recebem. São programas feitos a pedido das indústrias que, na falta de pessoal qualificado — num país em rápido crescimento, onde todos os especialistas são instantaneamente absorvidos — não têm mãos a medir. São muitas as empresas que pedem tal formação, feita em grupos de 200 ou mais trabalhadores, em sub-grupos pequenos e treinados para as necessidades concretas da empresa. A Fundação fornece diariamente 1,3 milhões de refeições a crianças das Escolas do ensino básico; e também apoia a formação de cooperativas de agricultores dando-lhes orientação para as as espécies a plantar mais ajustadas à composição dos terrenos; e também dá apoio na melhoria da qualidade e da produtividade da cultura.

Um segundo eixo referia-se ao know-how das empresas ali representadas, para poderem encontrar oportunidades de expandir o seu campo de acção para os países de expressão lusofona, ou à India, nomeadamente as respeitantes à rede de frio, à fabricação de bombas de gasolina, ao material eléctrico, aos Golden visa portugueses garantindo estabilidade de permanencia para se estabelecer actividade em Portugal, etc. O Grupo Tata, muito bem representado, mostrou o seu interesse em empreender nos países da lusofonia, com parceiros locais, em projectos viáveis e interessantes. A indústria do turismo e do turismo da saúde marcou presença, sabido que em 2012 a Índia teve receitas de 2,5 mil milhões de dólares só do turismo de saúde, valor em rápido crescimento; a Índiarecebeu mais de 20 milhões de turistas estrangeiros no último ano e há um intenso turismo interno, algum propenso a ser turista em Portugal. Como atraí-lo?

O terceiro eixo referia-se sobretudo à expansão das trocas comerciais e investimentos, pois há muitos artigos que a Índiacompra e pode aumentar, como produtos agrícolas, minerios variados, petróleo e gás, carvão, diamantes em bruto, para os lapidar posteriormente, etc. A Índia faz a preços muito baixos produtos de qualidade, de primeira necessidade como os fármacos. Há actualmente mais de 150 fábricas acreditadas pela FDA-Food and Drug Administration, com a maioria dos seus produtos com aprovação no mercado dos EUA. A I&D na Índiaestá a ser muito apetecida pelas multinacionais, com mais de 1030 a operar no país. Também produtos e serviços de Tecnologias de Informação, com o BPO, nos quais a Índiapode ajudar muito os países da Lusofonia.

Da primeira vez, num Congresso assim, há sempre problemas inesperados e alguma incredulidade que reduz a decisão de participar. Um alto dirigente do Grupo TATA escrevia: "The seminar indeed played a bigger role in promoting Lusophone — Indiarelationship for greater business opportunities. I came back very positive with the seminar proceedings and the enthusiasm of participants." Já há datas fixadas para o 2.º Congresso, em Fevereiro de 2015.

Professor da AESE e Presidente da AAPI

 
 
 

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