Mar impediu transferência dos passageiros do paquete Funchal

Navio com 400 passageiros está há 24 horas tentar sem êxito alcançar Portimão. Algarve não possui rebocador para navios de grande porte, apesar de todos os dias haver 150 embarcações na região, algumas das quais petroleiros.

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Navio tem 400 pessoas a bordo Nuno Ferreira Santos

A forte ondulação que ainda se faz sentir na costa portuguesa impediu que o paquete Funchal fundeasse ao largo da praia da Rocha/Portimão, como estava previsto durante a última madrugada. O navio, com 400 passageiros a bordo, anda há mais de 24 horas a tentar atracar no porto de Portimão.

Durante a madrugada, cerca das 6h30, disse Isilda Gomes, o navio tentou fundear ao largo de Alvor. O objectivo seria fazer o transporte dos passageiros para terra num catamarã, mas a operação não teve êxito. O Algarve, apesar de ser uma região que se encontra na rota turística dos grandes cruzeiros marítimos, não possui um rebocador, indispensável no apoio a este tipo de operações, mesmo com bom tempo.

A entrada do navio no rio Arade está prevista para cerca das 20h. “Inconcebível”, foi como a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Martins, classificou a situação, pelo facto de não existirem condições de apoio a este segmento turístico. Sempre que chega um navio de grande porte a este porto, tem de ser pedido a Sines um rebocador, levando na viagem oito a dez horas.  

O deputado Miguel Freitas, do PS, disse ao PÚBLICO que vai “pedir explicações ao Governo” pelo facto de a região não dispor de um rebocador público, quando é conhecida a vulnerabilidade da região. “Passam pela costa algarvia 150 navios de grande porte por dia, 18 dos quais contendo cargas perigosas, poluentes.” Em caso de acidente, disse, “pode-se dar uma catástrofe”. O que se passou com o paquete Funchal, que fazia um cruzeiro de sete dias – Lisboa, Funchal, Marrocos, Lisboa –   “veio demonstrar que o Algarve tem de possuir meios e capacidade de gestão para garantir o desenvolvimento dos portos de Faro e Portimão”.

Enquanto aguarda pela chegada do rebocador, que leva 14 horas de viagem, o paquete Funchal continua a navegar entre Portimão e Albufeira, procurando desta forma suavizar o efeito da ondulação.

O dirigente dos Oficiais Mar, Sousa Coutinho, citado pela Lusa, disse que “todos os passageiros encontram-se bem e confortáveis”. No entanto, tomando como referência o caso do paquete Funchal, não deixou de apontar a necessidade de o Algarve ter “sempre” um rebocador. É uma região “abandonada em termos de segurança marítima”. Por outro lado, Miguel Freitas, afirmou que o IPTM foi avisado pelo armador na quinta-feira que pretendia, devido ao tempo, terminar o cruzeiro em Portimão, e não em Lisboa como estava programado. “Só no dia seguinte é que foi pedido o rebocador de Sines, que não estava disponível – tem de haver uma explicação da parte do Governo”, insistiu.

O ministro da Economia, Pires de Lima, anunciou em Agosto, numa visita a Portimão, que o porto desta cidade iria beneficiar de um investimento de dez milhões de euros para se modernizar e ter condições para receber navios de cruzeiro, sendo necessário para isso proceder a obras de desassoreamento. Só o custo de um rebocador, lembrou Isilda Gomes, ronda cinco milhões de euros. Por seu lado, o deputado Miguel Freitas acrescenta que os portos de Algarve – Faro, na área das mercadorias e Portimão, no turismo – “estão em franca expansão económica”.
 
 
 

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