CGTP recusa “invasão” dos ministérios e desvaloriza preocupação do SIS

PSD e CDS recusam pedido do PS para audição urgente do ministro Miguel Macedo.

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O encontro com a CGTP foi pedido por Paulo Portas para discutir o guião da reforma do Estado. Daniel Rocha

Não é com CGTP que os Serviços de Informação de Segurança (SIS) se devem preocupar. O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, garantiu esta quarta-feira que ontem à tarde, dia da votação final do Orçamento do Estado para 2014, "não houve invasão" dos ministérios.

"Creio que o SIS tem mais com que se preocupar do que com as lutas dos trabalhadores e as intervenções e acções da CGTP", afirmou Arménio Carlos à Lusa. O líder sindical rejeitou a ideia de invasão dos ministérios e contrapôs com a violência das contas do Estado para o ano que vem.  

"Não houve nenhuma invasão nem ocupação, houve uma intervenção dos sindicatos que reclamaram reuniões" com os governantes, disse o líder da central sindical no final de uma reunião com o vice-primeiro-ministro Paulo Portas, a propósito do guião da reforma do Estado.

Reafirmando que o SIS - Serviços de Informação de Segurança não tem que se preocupar com a CGTP, Arménio Carlos defendeu que a central sindical não fez aquele tipo de intervenção com o intuito da violência. "Estamos lá para combater a violência da política deste Orçamento do Estado. Crianças a passar fome é crime, é um atentado aos direitos humanos. Pessoas que não têm dinheiro para comprar medicamentos é um atentado. Isto é que é violência", afirmou.

Na terça-feira, sindicalistas da CGTP entraram em quatro ministérios - Ambiente, Economia, Saúde e Finanças - e exigiram ser recebidos por membros do Governo. Em alguns casos foram recebidos no momento - como, por exemplo, nas Finanças, pelo secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino - noutros, como na Economia, o encontro com o ministro Pires de Lima ficou marcado para 5 de Dezembro.

Relativamente à reunião com Paulo Portas, Arménio Carlos referiu ter apresentado propostas alternativas sobre os sectores da agricultura, indústria e pescas bem como na área fiscal. Questionado sobre a resposta do vice-primeiro-ministro, o líder da central sindical revelou que houve "coisas em que [Portas] se aproxima do ponto de vista pessoal, há outras que está mais afastado". No entanto, os pontos de contacto políticos são poucos ou nenhuns. "Estamos em pólos opostos", admitiu.

Ontem, vários ministros referiram os protestos da véspera, com o vice-primeiro-ministro Paulo Portas a limitar-se a afirmar que "cada um tem a sua guerra". O ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse que "falar com os sindicatos não é um problema", enquanto o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, preferiu expressar a crença de que tenha sido uma "situação excepcional" e mostrou-se disponível para dialogar com as estruturas sindicais.

"As pessoas têm o direito de se manifestar e de criticar, isso faz parte do direito de cada um. Obviamente, a invasão de ministérios não faz parte desse conjunto de elementos, mas admito que tenha sido uma situação excepcional", afirmou Moreira da Silva, que concluiu não querer acrescentar nada que contribuísse para a “crispação”.

Se no Governo a palavra de ordem parecia ser desvalorizar as manifestações da véspera, na Assembleia da República os partidos da maioria não surpreendiam ao chumbar o requerimento apresentado pelo PS para chamar com urgência o ministro Miguel Macedo ao Parlamento. A audiência visava obter explicações do tutelar da pasta da Administração Interna sobre o protesto da PSP na semana passada, que ficou marcado com a subida das escadarias pelos polícias. Além deste, PSD e CDS também chumbaram outro pedido apresentado pelo deputado socialista Marcos Perestrello para convocar para uma audição parlamentar o novo director nacional da PSP, Luís Peça Farinha.

 

 

 


 
 
 
 
 
 
 
 
 

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