PS: explicações do Governo sobre manipulação de documentos prejudicam Portugal

Socialistas voltam a questionar a manutenção da equipa das Finanças.

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Pais Jorge (à direita) na assinatura do contrato de venda da ANA, em Fevereiro Rui Gaudêncio

O PS considerou nesta quarta-feira que o comunicado do Governo sobre a alegada manipulação de documentos no caso dos swaps degrada a imagem de Portugal e exige saber se o primeiro-ministro mantém a confiança na equipa das Finanças.

“O PS aguarda resposta do primeiro-ministro sobre se mantém ou não a confiança na equipa das Finanças”, refere o partido em comunicado, considerando que a nota do ministério “é mais um episódio de um triste espectáculo que degrada as instituições e prejudica a imagem externa de Portugal”.

Em comunicado divulgado na terça-feira, o Ministério das Finanças defendeu que um documento, divulgado pela SIC e Visão, que implica o secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, nos contratos swap foi manipulado.

O Ministério das Finanças adianta que há dois documentos diferentes, relativamente às propostas de contratos swap do Citigroup ao Governo de José Sócrates em 2005, e que no documento original não consta o nome do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge.

De acordo com o comunicado das Finanças, “o documento que chegou às mãos dos jornalistas não tem qualquer referência cronológica, nem números de páginas”, ao contrário do documento original e verdadeiro que data de 1 de Julho de 2005.

Para o ministério, “estas discrepâncias serviram para introduzir, como segunda página do documento na posse da comunicação social, um organigrama inverosímil, que não consta da apresentação original, com o logótipo do banco com um grafismo diferente. É neste organigrama, e apenas nele, que aparece o nome do secretário de Estado do Tesouro”.

A revista Visão noticiou na quinta-feira que o Citigroup propôs em 2005 swaps a Portugal para baixar artificialmente o défice.

De acordo com um documento a que a Lusa também teve acesso, o banco norte-americano fez várias propostas ao instituto que gere a dívida pública portuguesa, o IGCP, de swaps que baixariam artificialmente o défice.

Na sexta-feira, o secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, recusou responsabilidades na tentativa de venda pelo Citigroup ao Estado de swaps para baixar artificialmente o défice, e disse não se lembrar se esteve na apresentação da proposta.

No entanto, Pais Jorge confirmou na segunda-feira à SIC, por escrito, ter reunido com o gabinete de José Sócrates, enquanto director do Citigroup.

Na terça-feira de manhã, o secretário de Estado adjunto do ministro-adjunto, Pedro Lomba, admitia a existência de “inconsistências problemáticas” que o Governo ia “averiguar” relativamente a documentos referentes ao envolvimento do secretário de Estado do Tesouro na tentativa de venda de swap ao Executivo anterior.
 

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