Direcção Regional de Cultura vai questionar Câmara do Porto pela mudança da estátua O Porto

Arquitecta Paula Silva considera que o organismo que dirige deveria ter sido consultado, pois a estátua estava num espaço público classificado.

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O estátua regressou às proximidades de uma das suas várias localizações anteriores, a zona que é hoje a Avenida dos Aliados Nuno Alexandre Mendes

A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) vai questionar a Câmara do Porto sobre a transferência da estátua O Porto da última obra projectada pelo arquitecto Fernando Távora, na Sé, para a praça da Liberdade.

Questionada esta terça-feira pela Lusa, a directora regional de Cultura do Norte, Paula Silva, afirmou que vai enviar um ofício à autarquia a “pedir esclarecimentos” sobre a saída da estátua do espaço envolvente da Casa dos 24. Paula Silva afirmou que estátua estava dentro da área classificada como Património da Humanidade, no espaço público, e como tal a Direção Regional de Cultura do Norte “deveria ter sido consultada”.

De qualquer forma, a arquiteta lembrou que se trata de um “gesto reversível” e que a estátua “pode voltar para o sítio onde estava”, sem que isso represente um grande custo para o erário público. A responsável pela DRCN afirmou que a estátua, um guerreiro com cerca de 200 anos, representando alegoricamente o Porto, estava integrada na “última obra do arquiteto Fernando Távora, um referente como arquitecto e como personagem da cidade do Porto, professor de todos os que são arquitectos do Porto” com relevância.

A estátua foi transferida por vontade do presidente da Câmara, Rui Rio, no início de abril, para a praça da Liberdade, próximo do local onde, há cem anos, se encontravam os Paços do Concelho, edifício que no seu topo tinha esta figura de guerreiro. O presidente da Câmara do Porto disse na altura que não se tratava de uma “reforma profunda na cidade”, mas sim de “um acto simbólico” e confessou que “desde o primeiro dia em que chegou à Câmara lhe causava uma certa aflição a estátua estar no sítio onde estava”.

Siza Vieira, que com Souto Moura fez o desenho da reabilitação da Avenida dos Aliados, veio entretanto afirmar que “inacreditável” e “inqualificável” que se tenha alterado a obra de Távora, um gesto que classificou “de uma arrogância enorme”. A Ordem dos Arquitetos e o filho de Fernando Távora, José Bernardo Távora, já mostraram também o seu desagrado pela mudança da estátua.

Também na reunião de Câmara de hoje, o PS solicitou “que lhe seja facultado o estudo” que justificou a transferência da estátua O Porto da Sé para a Praça da Liberdade.

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