Governo aconselha consumidores a mandarem picar a carne no acto de compra

Secretário de Estado da Alimentação diz que serão feitas investigações para perceber se a carne que está à venda nos talhos não está mesmo em condições, como concluiu a Deco. Representante dos comerciantes desvaloriza conclusões do estudo em 34 talhos.

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Existem 1800 talhos na área da Grande LIsboa Nuno Ferreira Santos

Não há razões para que se proíba de imediato a venda de carne de vaca previamente picada a granel, disse nesta sexta-feira de manhã o secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agro-alimentar, que ainda assim aconselha os consumidores a mandarem picar a carne apenas no acto de compra. Nuno Vieira e Brito reagia à exigência feita pela Deco para a proibição da venda de carne picada, depois de um estudo em 34 talhos de Lisboa e do Porto ter revelado resultados alarmantes.

Em declarações à TSF, Nuno Vieira e Brito explicou que “a amostra não é significativa” e que “é preciso apurar mais informação” antes de se partir para medidas “drásticas” como a proibição da venda de carne picada antes do pedido do consumidor. E adiantou que serão feitas investigações para apurar mais informação sobre a qualidade da carne picada à venda nos talhos portugueses.

À agência Lusa, o secretário de Estado aconselhou as pessoas a, entretanto, tomarem "duas medidas essenciais: mandar picar a carne no momento da compra e ter cuidados na sua confeção”.

Já a Federação Nacional da Associação de Comerciantes de Carne desvalorizou o aviso da Deco de que a carne previamente picada à venda nos talhos não está em condições e qualifica as “falhas” encontradas como pouco representativas do que se passa na totalidade dos locais de venda de carne. 

Contactado pela TSF, o presidente da Federação, Jacinto Bento, discorda do diagnóstico feito pela organização de defesa do consumidor e garante que a carne picada vendida nos talhos não representa um risco para a saúde. "Temos 1800 talhos na Grande Lisboa e isso aconteceu em cinco”, minimiza. Além disso, diz que algumas amostras testadas e chumbadas pela Deco foram novamente testadas no centro alimentar e que os resultados não deram as mesmas conclusões, justificando o diferencial com diferenças de temperatura.

Jacinto Bento considera, no entanto, que este tipo de acções da Deco pode ter o efeito de corrigir algumas falhas por vezes existentes. “É bom que a Deco avise, chame a atenção das pessoas. Às vezes acontece. São pequenas falhas”, afirmou.

O representante dos revendedores de carne aconselha no entanto o consumidor a pedir que a carne seja picada no momento para evitar “ao homem do talho estar a fazer análises” e recomenda também que as máquinas sejam objecto de análise pelo menos duas vezes por ano. “Pode o problema não ser da carne mas ser do equipamento”, concluiu.

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