Jovens islamistas tunisinos defendem legitimidade do governo do Ennahda

Juventude do partido maioritário contesta decisão do primeiro-ministro, que pretende constituir um novo executivo de tecnocratas em resposta aos protestos contra o Governo.

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O primeiro-ministro Hamadi Jelabi quer formar um governo de tecnocratas FETHI BELAID/AFP

A juventude do partido islamista tunisino Ennahda saiu à ruaa em Tunes, este sábado, para manifestar apoio e defender a legitimidade do actual executivo, que o primeiro-ministro Hamadi Jelabi prometeu substituir por um governo de tecnocratas.

O Ennahda, que é a força maioritária na Assembleia Constituinte, encarregada de redigir uma nova Constituição para a Tunísia, foi acusado de estar por detrás do assassínio de Chokri Belaid, um activista dos direitos humanos e líder de um pequeno partido de oposição de esquerda, morto a tiro à porta de casa na passada quarta-feira.

A sua morte – bem como o seu funeral – atraíram milhares de pessoas à rua, em protesto contra o Governo e o Ennahda e exigindo uma nova revolução. A revolta popular contra o regime autocrático do antigo Presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em Janeiro de 2011, foi a precursora da chamada Primavera Árabe.

Um forte dispositivo policial manteve-se montado na capital do país depois das manifestações de sexta-feira, onde se registaram alguns incidentes de confronto entre manifestantes e polícia. As autoridades anunciaram a detenção de 132 “malfeitores”. Segundo as agências noticiosas, cerca de 6 mil pessoas voltaram a manifestar-se a favor do executivo do Ennahda.

A iniciativa dos jovens do Ennahda é encarada como uma “provocação” ao primeiro-ministro Hamadi Jelabi, uma das vozes mais moderadas do partido, e que desafiou a autoridade do líder, Rached Ghannouchi, ao anunciar a sua intenção de dissolver o actual executivo (de coligação com dois partidos seculares) e formar uma nova equipa governativa com tecnocratas e personalidades apartidárias – em resposta a uma das exigências da oposição.

Mas segundo a facção mais “ortodoxa” do partido, e os jovens que se manifestaram este sábado, a remodelação do primeiro-ministro terá primeiro de ser aprovada pela Assembleia Constituinte, onde a bancada islamista promete travar a iniciativa.
 

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