Forças franco-malianas entram em Kidal, última cidade nas mãos dos islamistas

Rebeldes estão a reagrupar-se nas zonas montanhosas. O perigo não desapareceu, advertiu Fabius.

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As tropas francesas não tem encontrado muita resistência no terreno Joe Penney/REUTERS

As forças francesas entraram na madrugada desta quarta-feira em Kidal, no Mali, a última grande cidade deste país sob o domínio dos militantes islamistas. O aeroporto foi o primeiro lugar estratégico a ser tomado e a BBC online diz que os islamistas começaram a abandonar a cidade, sendo ainda prematuro dizer que a aliança franco-maliana já controla a cidade.

Um porta-voz das forças francesas, o coronel Thierry Burkhard, confirmou aos jornalistas no terreno que “elementos franceses chegaram a Kidal” durante a madrugada. E a agência AFP relata que chegaram ao aeroporto aviões e helicópteros da aliança franco-maliana (sendo que há outros países europeus a colaborar com material, por exemplo a Alemanha e a Espanha).

O Governo francês fez saber que não pretende permanecer no Mali mais tempo que o necessário e as operações de reconquista do território que estava nas mãos dos islamistas tem sido rápida. Até porque o grupo Ansar Dine não tem oferecido grande resistência armada.

Antes de abandonarem as cidades, porém, têm deixado um rasto de destruição, sobretudo no património cultural, como em Tombuctu. Nesta cidade, crê-se que um outro grupo islamista, o Movimento Islâmico do Azawad, formado de uma cisão no Ansar Dine, refugiou-se numa região montanhosa e anunciou querer negociar.

Antes de abandonarem Tombuctu, os islamistas destruiram monumentos e documentos únicos; esta cidade foi um centro cultural do islão entre os séculos XIII e XVII e ali havia 70 mil documentos sobre religião, direito, literatura e ciência – este património, assim como três mesquitas (muitos monumentos religiosos foram danificados ou totalmente destruídos), eram consideradas património da humanidade, classificado pela UNESCO.

De acordo com a AFP, os elementos do Ansar Dine estão também a reagrupar nas montanhas junto a Kidal, que fica a 900 km de Bamaco.

A tomada de Kidal é considerada essencial para o final de uma primeira fase da intervenção, com a França a pressionar outros países africanos para intervirem e criarem uma força de manutenção de paz no Mali. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, disse numa conferência de dadores (que juntou sobretudo governos de países africanos) que o perigo islamista no Mali permanece e defendeu a realização de eleições; o Presidente interino do Mali, Dioncounda Traore, apontou como data possível 31 de Julho.
 
Notícia corrigida. Nome do grupo rebelde em Kidal é o Movimento Islâmico do Azawad.
 
 

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