O deputado socialista, Francisco Assis, afirmou nesta segunda-feira que a questão de o Governo ter ou não mandato para cortar quatro mil milhões de euros pode transformar-se "numa disputa escolástica" e essa "é uma discussão em que nunca haverá um vencedor, porque eles [PSD/CDS-PP] ficarão na sua teimosia e nós [PS] ficaremos na nossa convicção".

Na intervenção que fez no primeiro dia das Jornadas Parlamentrares do PS, sob o lema “Em defesa de um Estado Social moderno e solidário”, o ex-líder da bancada socialista referiu que  é mais importante o PS dizer que o Governo perdeu condições políticas para reformar do que sustentar que não tem mandato para cortar quatro mil milhões de euros.

Na ocasisão, Asiss avisou o partido para os perigos de "uma astúcia" do Governo que afirma que as actuais medidas são "uma fatalidade" porque a alternativa é a crise política.

Assis partilha da ideia defendida por Carlos Zorrinho, actual líder da bancada que, na sessão de abertura das jorndas, declarou que o actual Governo não tem mandato para cortar quatro mil milhões de euros na despesa do Estado.

Segundo Assis, "a questão é mais prática e é a de saber se este Governo tem hoje condições para mobilizar a sociedade portuguesa em torno de uma reforma séria seja em que domínio for”.

Ora, sustentou, “este é um Governo que entrou em conflito claro com o Presidente da República, que faz sucessivos orçamentos com suspeitas de inconstitucionalidades graves, que é incapaz de dialogar com as oposições na Assembleia da República e que dá sinais claros de desagregação interna. Verdadeiramente, este Governo perdeu todas as condições, o que do ponto de vista político é muito pior do que ter perdido o mandato", defendeu Assis, acrescentando que “em épocas de crise, como a actual, o pior que pode acontecer é ter como único horizonte de referência a fatalidade e não a esperança".