PS disponível para diálogo com PCP

Membro do Secretariado Nacional dos socialistas reage a discurso de encerramento do XIX Congresso do PCP. Porém, avisa Jerónimo de Sousa que não pode fazer do PS o inimigo.

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Alberto Martins diz que se Cavaco vetou é porque considerou que estavam em causa valores de equidade, justiça e igualdade Daniel Rocha

O dirigente socialista Alberto Martins manifestou-se disponível neste domingo para um diálogo com o PCP, mas criticou os comunistas por fazerem do PS "o inimigo" e salientou que há "regras constitucionais" para as mudanças de Governo.

 

A posição de Alberto Martins, membro do Secretariado Nacional, foi transmitida após a sessão de encerramento do XIX Congresso do PCP, que terminou neste domingo em Almada. Jerónimo de Sousa, reeleito secretário-geral, disse que o PCP não abdicou da convergência à esquerda, mas sublinhou as contradições do PS.

Alberto Martins reagiu assim: "Entendemos que o PCP é um partido democrático, que se deve situar no arco do diálogo institucional e constitucional. O PS está disponível para o diálogo, mas rejeita e acha errada a política do PCP de fazer do PS o seu inimigo.”

O ex-ministro da Justiça traçou ainda outra linha de demarcação face aos comunistas.

"O PS defende uma mudança política com responsabilidade. Pensamos que a ideia de rasgar o memorando da troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) seria errada para Portugal, já que o país deixaria de ter o apoio financeiro necessário para resolver os problemas", sustentou.

Alberto Martins, porém, disse que o PS "está de acordo que, em diálogo, tudo deve ser feito para mudar esta política recessiva, esta ditadura da austeridade, que prejudica o povo português, aumentando o desemprego e não criando condições para o crescimento".

"Exige-se uma nova consciência colectiva, uma nova legitimação e uma mudança estrutural da política no quadro europeu", disse.

Alberto Martins voltou também a demarcar-se da exigência do Bloco de Esquerda e do PCP para uma imediata demissão do Governo PSD/CDS.

"A demissão do Governo é uma questão que se situa no quadro constitucional. Há regras constitucionais em Portugal para as alterações do Governo. Não podemos esquecer que o PCP contribuiu para a entrada em funções deste Governo", disse, aludindo ao chumbo do Programa de Estabilidade e Crescimento IV, no Parlamento, decisão que conduziria ao fim do segundo executivo liderado por José Sócrates.

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