Comandante do Costa Concordia culpa-se por estar "distraído"

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Schettino, detido, após o acidente que matou três dezenas de pessoas Foto: Enzo Russo/ANSA/Reuters

O comandante do navio de cruzeiro italiano Costa Concordia, que ficou encalhado ao largo da ilha de Giglio, causando a morte a mais de 30 pessoas, em Janeiro último, afirmou à televisão italiana que lamenta o desastre marítimo.

Francesco Schettino disse ao Canale 5 que pensa constantemente nas vítimas, mas insistiu que ele não pode ser o único responsabilizado pelo acidente, até porque o navio estaria ao comando de outro responsável na altura do sinistro.

O comandante culpa-se por estar “distraído”, mas afirmou que não estava aos comandos do navio quando este encalhou.

“Nesse momento fui até ao convés e dei a ordem para que o navio passasse a navegação manual mas eu não tinha o comando, ou seja, não era eu o responsável pela navegação do navio”, acrescentou.

Schettino nega, por isso, as acusações de homicídio involuntário e responsabilidade por naufrágio.

Um juiz italiano levantou recentemente a ordem de prisão domiciliária que pesava sobre Schettino, mas impediu-o de abandonar a terra natal, perto de Nápoles, enquanto as investigações prosseguem.

“Quando há um acidente, não é apenas o navio e a companhia que são identificados, o comandante também o é e por isso é normal que eu deva pedir desculpa, enquanto representante deste sistema”, disse Schettino ao Canale 5.

Schettino acabou por se desfazer em lágrimas quando lhe fizeram uma pergunta relacionada com a morte da passageira mais jovem, uma menina de cinco anos.

Após o acidente especulou-se que o comandante se teria aproximado demasiado da costa porque queria mostrar a uma jovem que o acompanhava os seus dotes de marinheiro. Schettino nega, porém, estes rumores e nega que a mulher em questão fosse sua amante.

Schettino, segundo vários testemunhos, abandonou o navio demasiado cedo, quando ainda havia muita gente a bordo. A retirada dos passageiros da embarcação encalhada e tombada a 90 graus só terminou às 6h, mas por volta das 2h Schettino já estaria a salvo num barco salva-vidas, parado junto a um rochedo.

Depois de se recusar a voltar a bordo para coordenar as operações de resgate, Schettino foi preso, já em terra, após apanhar um táxi para um hotel.

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