Faltam recursos para a integração das equipas das VMER nas urgências dos hospitais, diz sindicato

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou nesta sexta-feira para a falta de recursos suficientes para a integração das equipas das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) nas urgências dos hospitais de forma “plena e num curto espaço de tempo”.

“Não há profissionais suficientes na área de urgência/emergência, porque quem integra a VMER trabalha em várias áreas, não necessariamente na urgência dos hospitais”, alertou Paulo Anacleto, da direcção nacional do SEP, em declarações à Lusa.

O sindicalista referia-se ao despacho publicado no Diário da República de 3 de Novembro, que fixa o prazo de um ano para as equipas das VMER do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) serem “integradas nas equipas dos serviços de urgência”.

Para avançar, o hospital de Vila Real precisa de “profissionalizar a urgência”, contratando “médicos a tempo inteiro”, adiantou à Lusa o director clínico, Francisco Esteves.

“Só dois ou três médicos do departamento de urgência e cuidados intensivos fazem parte da VMER. Os restantes têm outras especialidades”, revelou.

Só com “abertura da tutela” quanto aos “constrangimentos nas contratações” o hospital terá condições para integrar a equipa da VMER “em um ano, ou ano e meio”, observou.

No Grande Porto, o processo ainda não avançou.

“A VMER do Hospital de S. João tem uma das maiores taxas de activação do país, com 10 a 12 saídas por dia. A gestão já é integrada. Quanto à integração das equipas, a pressa não é muita, porque o ganho funcional é mínimo”, disse à Lusa o presidente da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Cuidados Intensivos do Hospital de S. João.

Garantindo ser “claramente favorável à integração”, José Artur Paiva defende que a equipa da viatura médica “nunca poderá ter funções de primeira linha na urgência”, porque a sua “missão primária é a extra-hospitalar”.

O Centro Hospitalar de Gaia (CHG) está a “analisar a questão para poder apresentar propostas ao INEM”, o Hospital de Santo António “está a analisar” o assunto e, no Pedro Hispano, estudam-se formas “de concretizar a decisão”, avançaram à Lusa fontes das três instituições.

No Centro Hospitalar de Torres Vedras, a VMER colabora já no “apoio ao tratamento de doentes críticos e no transporte inter-hospitalar nas situações de grande emergência”, disse à Lusa fonte do gabinete de comunicação.

Pedro Nunes, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Faro, revela só pode avançar depois da reformulação do serviço de urgência e das obras necessárias para lhe dar “o espaço de que precisa”.

A empreitada deve durar três meses, altura em que a VMER poderá ser transferida da “entrada da cidade” para o hospital, e se estudarão “as formas de integração” das equipas.

Vítor Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência, destaca a importância de “garantir que os hospitais assegurem “uma equipa na VMER durante 24 horas por dia”.

Quanto aos profissionais da VMER que não quadros dos hospitais, considera que “poderão continuar como prestadores de serviços ao hospital”

O despacho publicado em DR refere a possibilidade de “integração de profissionais do mapa do INEM nas equipas de urgência das unidades de saúde, com ajustamento do subsídio fixo”.

A Lusa contactou outros hospitais e o Sindicato Nacional dos Profissionais de Emergência Médica sobre este assunto, mas não obteve resposta em tempo útil.

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