Suplementos alimentares não passam pelo crivo do Ministério da Saúde e do Infarmed

Em Portugal, os suplementos alimentares não passam o crivo do Ministério da Saúde ou do Infarmed: são avaliados pelo Ministério da Agricultura, “de acordo com critérios diferentes”, ou seja, o seu impacto na saúde de quem os consome, alerta um especialista.

Assim, é difícil “medir” a eficácia destes produtos na perda de peso e os efeitos que podem ter na saúde, disse à agência Lusa o diretor do Serviço de Endocrinologia do Hospital Militar Principal, João Jácome de Castro.

“Temos de ter uma preocupação de eficácia quando usamos um remédio ou um produto para ajudar a saúde de alguém. Temos de usar um produto que seja eficaz, que vá contribuir para melhorar aquela situação e, tanto quanto isso, que não a vá prejudicar”, salientou o especialista, acrescentado que “não passar por aqueles crivos torna mais fácil que estas coisas não aconteçam”.

Por outro lado, “temos produtos que podem ser anunciados de quase qualquer forma e cujo valor científico e a segurança são menos rigorosos”, alertou João Jácome de Castro.

João Jácome de Castro recordou que, no mercado nacional, “há um único remédio” para perder peso, que “passa pelo crivo do Infarmed” (a Autoridade que regula o mercado do medicamento), mas deve sempre ser integrado num plano estruturado de acompanhamento médico.

Portugal tem 54 por cento de pessoas obesas e é um dos países com mais obesidade infantil, disse o especialista.

“Há cada vez mais obesidade e mais excesso de peso. A obesidade cada vez mais condiciona complicações de saúde, hipertensão, diabetes, colesterol, risco de doença cardíaca, risco de cancro”, alertou.

Segundo a IMS Health, as vendas de suplementos alimentares em farmácias em parafarmácias em Portugal aumentaram 1,8 por cento em número de embalagens e 16,7 por cento em valor, na comparação do período entre julho de 2009 e junho deste ano com os 12 meses anteriores. De julho de 2009 até junho de 2010, foram vendidas 1 224 709 embalagens contra 1 202 742 no período anterior, o que corresponde a 28,831 milhões de euros contra 24,584 milhões.

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