Testamento Vital: Daniel Serrão defende "debate alargado"

O médico especialista em ética da vida Daniel Serrão defendeu hoje a realização de um debate público sobre o testamento vital, afirmando que "o Parlamento não deve ter pressa" em legalizar o documento.

Em declarações à Lusa, à margem da realização da conferência anual da Confederação Nacional das Associações de Família, no Porto, Daniel Serrão criticou o testamento vital, considerando que "esta declaração configura uma crítica aos serviços de saúde e médicos que tratam os doentes no período final da vida".

"É um ataque à competência dos médicos que tratam doentes em fim da vida", frisou.

Na sua opinião, deve haver um "debate alargado para que todos tomem consciência de que os médicos não fazem tratamentos inúteis".

"De facto, não há consenso nenhum, porque trata-se de matéria que não foi objecto de qualquer discussão pública", sustentou o especialista.

Adiantou ainda que, caso seja aprovado o testamento vital, irá "usá-lo logo" para dizer que exige que os médicos lhe façam tratamentos paliativos da melhor qualidade.

O presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), Rui Nunes, exigiu hoje que o Parlamento legalize de "imediato" o testamento vital e apresentou uma proposta formal do documento que enviou ao presidente da Assembleia da República.

Rui Nunes referiu haver "consenso social e político alargado no sentido da legalização do testamento vital".

Disse ainda que, no documento, o cidadão declara que, se numa fase da sua vida o seu médico assistente determinar que tem uma doença incurável ou terminal e que a utilização de meios de diagnóstico e tratamento apenas servem para prolongar artificialmente o processo de morte, esses procedimentos extraordinários e desproporcionados devem ser suspensos, ou de preferência, que não sejam iniciados.

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