Testes de ADN confirmam que corpo decapitado é de Daniel Pearl

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Pearl desapareceu a 23 de Janeiro em Carachi, quando investigava as ligações entre militantes islâmicos paquistaneses e a Al-Qaeda CNN/AP

Um investigador paquistanês, que pediu anonimato, adiantou hoje que os testes de ADN confirmaram que o corpo decapitado encontrado numa vala em Carachi, em Maio, é o do jornalista norte-americano Daniel Pearl.

No entanto, o porta-voz da embaixada dos EUA no Paquistão, John Kincannon, disse apenas que as análises de ADN já estavam completas, mas que ainda não tinham sido entregues à polícia. Tanto o chefe da polícia de Carachi, Asad Jehangir, como o responsável pelos Assuntos Internos da província, Mukhtar Ahmed Sheikh, negaram estar na posse dos resultados das análises.

O jornalista Daniel Pearl, correspondente do "The Wall Street Journal", desapareceu a 23 de Janeiro em Carachi, quando investigava as ligações entre militantes islâmicos paquistaneses e a rede terrorista Al-Qaeda. Mais tarde, a 21 de Fevereiro, uma cassete de vídeo enviada para o consulado norte-americano em Carachi confirmou o assassinato do repórter.

Quatro militantes islâmicos foram condenados por envolvimento no assassinato e sequestro de Pearl. O suposto autor do crime, conhecido como Sheikh Omar, foi sentenciado à pena de morte, enquanto os outros três cúmplices — Salman Saquib, Fahad Nasim e Sheikh Adil — receberam prisão perpétua. Todos recorreram das sentenças.

Alguns peritos argumentam que as condenações podem ser invalidadas se se provar que a polícia adiou a divulgação dos testes de ADN até que o julgamento dos quatro homens estivesse concluído e não informou o tribunal acerca do homem que conduziu as autoridades ao alegado corpo do jornalista. O investigador paquistanês ouvido pela Reuters rejeita estas possibilidades, afirmando que a polícia não tinha outra alternativa a não ser esperar pelos resultados dos testes antes de abordar o assunto do corpo. A fonte confirmou ainda que a polícia deteve o homem que a conduziu ao local onde estava o corpo e disse acreditar que o jornalista foi assassinado oito ou nove dias após ter sido sequestrado, quando Sheikh Omar ainda estava em fuga, o que o leva a pensar que o suposto promotor do crime não estava presente quando Pearl foi assassinado.

Os quatro militantes islâmicos condenados por um tribunal antiterrorismo paquistanês pela morte do jornalista dizem-se inocentes e recorreram da sentença, pretendendo obter uma redução das suas penas. A defesa afirma que a acusação influenciou as testemunhas e produziu falsas provas. Depois de anunciadas as sentenças, os advogados dos réus acusaram o tribunal de ter cedido às pressões do chefe de Estado paquistanês, o general Pervez Musharraf, para agradar aos EUA.

Se Sheikh Omar for enforcado, será o primeiro combatente da "jihad" (guerra santa) a ser executado no Paquistão. Na terça-feira, a polícia paquistanesa disse ter recebido ameaças de morte se a sentença de Sheikh Omar fosse consumada.

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