Temos políticos, mas não temos gestores na política

O PÚBLICO pergunta a diversas personalidades brasileiras para onde vai o Brasil.

Para onde vai o Brasil? Essa pergunta me faço diariamente e, a cada dia, novas questões me vem a cabeça, assim como, suas possíveis respostas.

O Brasil é um país que sempre nos enche de fortes emoções e surpresas, boas e ruins, todos os dias. Recentemente, a Copa do Mundo nos trouxe momentos de muita alegria e, até mesmo, euforia. Logo esse cenário mudou, dando lugar a frustrações e decepções. Pensávamos que iríamos ganhar a Copa, mas o resultado não foi exatamente esse.

Muitas justificativas e explicações pelos erros cometidos, e a demissão dos supostos culpados aconteceram quase que imediatamente e, pronto! Novamente, reina certa alegria com a perspectiva de um resultado melhor em 2018.

Porém, também quase que instantaneamente, uma nova onda de tristeza toma conta da população: a realidade volta a fazer parte do cotidiano. Notícias de que a violência cresceu, a saúde piorou – da educação é bom nem falar... Tudo isso com uma nova dose de esperança, que chega com as eleições presidenciais se aproximando, juntamente com as para governadores, deputados e senadores.

Claro! Tudo parece ser, novamente, uma grande festa com shows e promessas, misturadas com acusações de corrupção em todas as esferas do poder. Mas tudo isso não tem muita importância, pois a “grande festa" (a eleição) se aproxima, trazendo “alegria” para os brasileiros.

Lamentavelmente, ocorreu um acidente aéreo em que várias pessoas morreram, dentre elas um dos candidatos a Presidência da República. Esse fato fez com que o cenário político mudasse radicalmente e o “humor” dos políticos também, aumentando, consideravelmente, o nível de acusações com o objetivo de atrair eleitores.

Já ia esquecer que, por falta de chuva em boa parte do país, talvez não tenhamos condições para o nosso banho diário. Também acaba de chegar a notícia de que, pelos mesmos motivos, será necessário reajustar o preço da energia elétrica. Os brasileiros terão que pagar mais pelo tomate, pela laranja, pelo feijão e, inevitavelmente, os preços dos combustíveis também terão que ser reajustados. Para cima, claro! Esses são sinais de que teremos uma inflação acima do previsto e uma desaceleração na economia, que acarretará no aumento do desemprego.

Como já disse, um país que nos enche de alegrias e tristezas. Começamos agora a pensar o futuro, em 2016, para ter um pouco de alegria. Sim, com alegria, pois teremos a tão esperada Olimpíada, que nos trará, talvez, vários recordes mundiais (esperamos que de brasileiros), já que 2015 será um ano que vamos querer esquecer rapidamente.

O Brasil sofre de um problema crônico: temos políticos, mas não temos gestores na política. E isso faz com que os problemas sejam recorrentes.

De qualquer forma, acho que o Brasil tem boas perspectivas em longo prazo. Os fundamentos macroeconômicos são bons, temos um mercado grande para crescer em várias áreas e um bom espaço para ser explorado. Um potencial grande para o  turismo e serviços inerentes ao ramo. Um país grande com uma imensa diversidade e um povo acolhedor.

Como sou empresário e me dedico ao comércio de livros no Brasil – e estou nesse mercado desde 1969, sucedendo a empresa que minha mãe começou logo no pós-Guerra –, aprendi, desde cedo, que a solução para todos os problemas aqui mencionados está nos livros e há muito tempo.

E já que falei de livros, na área cultural, o Brasil é um verdadeiro oásis. De norte a sul, é muito grande a produção cultural em todas as áreas. Temos ótimas atrações na música, no teatro, nas artes plásticas, na fotografia, enfim... Há muita oferta para ser consumida e, não raro, a preços bastante atraentes.

E falando de coisas boas, acabo de receber informações sobre a faixa etária dos nossos clientes em 2014 até o momento: que nas nossas lojas físicas mais de 70% – e 76% na Internet – são pessoas até 34 anos de idade. Isso nos mostra que gente mais jovem está se interessando por livros, o que é sem nenhuma sobra de dúvida uma ótima notícia.

E viva o povo brasileiro!

Presidente do conselho de administração da Livraria Cultura

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