Tal como prometeu, Irão eliminou urânio enriquecido a 20%

Negociações sobre o programa nuclear iraniano vão continuar por mais quatro meses.

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Catherine Ashton, a chefe da diplomacia da União Europeia, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif SAMUEL KUBANI/AFP

O Irão diluiu completamente as suas reservas de urânio enriquecido a 20%, cumprindo desta forma o compromisso assumido no acordo preliminar de Novembro com as grandes potências, segundo revela um relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), revelado esta segunda-feira.

A AIEA, que está encarregue de verificar se Teerão cumpriu os seus compromissos, faz todos os meses um ponto da situação para informar o Grupo 5+1 (EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha). Este último documento surge depois de, na passada sexta-feira, o Grupo 5+1 ter concordado em prolongar as suas negociações com vista a pôr fim a mais de 10 anos de um conflito sobre o programa nuclear da república islâmica.

Embora as duas partes não tenham conseguido chegar a um acordo global no prazo fixado – que terminava a 20 de Julho – todos reconhecem que os progressos alcançados nos últimos meses constituem uma base encorajadora para um entendimento futuro. O novo prazo fixado pelo Grupo 5+1 termina a 24 de Novembro.

Conforme ficou estipulado no plano de acção conjunto de Genebra, o Irão diluiu metade do seu stock de urânio enriquecido a 20% em urânio enriquecido a 5%. A outra metade foi transformada em óxido de urânio. O processo de enriquecimento de urânio a 20% é tecnicamente próximo daquele que o permite enriquecer ao nível necessário para fabricar a bomba atómica (90%)

O Irão é acusado, apesar de sempre o ter negado, de querer desenvolver um arsenal militar nuclear. Teerão sempre afirmou que o objectivo de enriquecer urânio a 20% era para alimentar um reactor de pesquisa para produzir isótopos médicos, utilizados no diagnóstico de alguns tipos de cancro. Enriquecido a 5%, o urânio serve de carburante nas centrais nucleares para a produção de electricidade.

O Irão e o Grupo 5+1 devem recomeçar as conversações nas próximas semanas. O objectivo é dissipar completamente as suspeitas de que o regime de Teerão tem planos para desenvolver a bomba atómica. Em troca, o país exige o levantamento das sanções internacionais que asfixiam a sua economia.

À medida que a AIEA ia confirmando nos seus relatórios mensais os progressos na aplicação do acordo de Genebra, a República islâmica ganhou gradualmente acesso a alguns dos seus fundos que estão congelados no estrangeiro. Depois deste último relatório da AIEA, o Irão deverá receber uma última prestação de 550 milhões de dólares de um total de 4,2 mil milhões que foi recebendo ao longo dos últimos seis meses.

Nos próximos quatro meses, os cofres iranianos irão receber mais 2,8 mil milhões se Teerão continuar a cumprir com os pontos do acordo preliminar de Genebra, incluindo a transformação do óxido de urânio que ainda está enriquecido a 20% em combustível nuclear. Responsáveis norte-americanos citados pela Reuters dizem que o Irão ainda tem mais de 100 mil milhões de dólares no estrangeiro aos quais não consegue aceder devido às sanções financeiras impostas ao longo dos últimos anos por causa do seu programa nuclear.

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