Suu Kyi encontrou-se com Presidente da Birmânia pela primeira vez

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Suu Kyi foi até à capital administrativa, Naypyidaw, para se encontrar com o Presidente Soe Zeya Tun/Reuters

A líder birmanesa pró-democracia Aung San Suu Kyi encontrou-se pela primeira vez , nesta sexta-feira, com o Presidente Thein Sein, informou uma fonte do Governo.

Este encontro decorreu no seguimento da primeira visita de Suu Kyi à capital administrativa, Naypyidaw, ao ter sido oficialmente convidada a comparecer a um fórum económico.

Segundo fontes governamentais, a líder do movimento democrático esteve com o antigo general e agora chefe de Estado no palácio presidencial, o que poderá ser um esforço por parte do novo Governo para melhorar a sua reputação.

As conversações entre Suu Kyi e o Presidente, que abandonou o cargo militar para poder concorrer às eleições como civil, ocorreram à porta fechada e tiveram curta duração. Não tinham sido dados mais pormenores, mas entretanto o canal estatal MRTV informou no seu jornal da noite que "Thein Sein explicou cordialmente as actividades que o Governo tem levado a cabo considerando os interesses do povo e do país."

E acrescentou: "É sabido que o Presidente e Aung San Suu Kyi conversaram num tom muito cordial e num ambiente amigável sobre a possibilidade de cooperarem, depois de colocarem de parte as diferenças de opinião, e darem primazia aos interesses em comum, que irão de facto beneficiar o país e a população." O antigo partido de Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND), que foi dissolvido antes das eleições, não fez quaisquer comentários sobre o que foi discutido no encontro.

Durante a reunião, que foi organizada em cima da hora, não foi permitida a comparência de outra imprensa além da controlada pelo aparelho estatal.

O actual executivo chegou ao poder após as eleições, fortemente criticadas, de Novembro de 2010, em que o então governo militar foi substituído por um governo civil. Contudo, o exército continua a ter enorme influência.

As eleições foram boicotadas pelo partido de Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND), uma vez que, segundo as leis, estavam a ser cometidas injustiças. O LND ganhou as eleições anteriores de 1990 mas nunca lhe foi permitido assumir o poder.

A vencedora do Nobel da Paz de 1991, de 66 anos, passou a maior parte das últimas duas décadas em prisão domiciliária por fazer campanha pela democracia. Foi finalmente libertada no ano passado, após as eleições de Novembro de 2010.

O novo Governo tem dado sinais de uma relativa abertura. Recentemente, abandonou a prática da crítica diária à imprensa internacional e apelou a conversações com grupos étnicos para acabar com décadas de hostilidades. Autorizou ainda Suu Kyi a fazer a sua primeira viagem política fora de Rangum, no início deste mês, para Bago, com o objectivo de supervisionar vários programas de ajuda levados a cabo pelo seu partido.

Em Julho, o executivo retomou o contacto com Suu Kyi, depois de os Estados Unidos terem dito numa reunião regional que a Birmânia tem de provar à comunidade internacional que avança na direcção certa antes de se poder falar no levantamento das sanções. Deste então, Suu Kyi já se reuniu duas vezes com o ministro do Trabalho birmanês, Aung Kyi, e foram anunciados mais encontros no futuro e uma vontade de ambas as partes numa cooperação mútua para o pôr fim aos conflitos.

A maioria dos analistas acredita na abertura demonstrada pelo recém-formado executivo, que, é considerado um dos regimes mais opressivos. Mesmo assim, os países ocidentais insistem que as restrinções vão continuar até que os cerca de 2100 presos políticos sejam libertados.

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