Relatório sobre técnicas de interrogatório da CIA a suspeitos de terrorismo vai ser tornado público

"Este relatório expõe uma brutalidade que contrasta com os nossos valores enquanto nação", afirmou a senadora Dianne Feinstein.

Foto
Senadora Dianne Feinstein: "Os resultados desta avaliação foram chocantes" Brendan SMIALOWSKI/AFP

O relatório do Senado norte-americano que concluiu que o uso de métodos de interrogatório brutais pela CIA não resultaram na obtenção de informações valiosas e que, além disso, a agência de espionagem enganou os responsáveis do Governo dos EUA, exagerando a eficácia deste programa, vai ser tornado público – assim decidiu, por votação, o Comité de Vigilância dos Serviços Secretos do Senado americano que produziu esta avaliação.

“O objectivo desta avaliação foi descobrir quais os factos por trás deste programa secreto, e os resultados foram chocantes”, comentou a secretária do comité, a senadora democrata Dianne Feinstein. “Este relatório expõe uma brutalidade que contrasta claramente com os nossos valores enquanto nação. Faz uma crónica de uma nódoa da nossa história que nunca mais se deve permitir que aconteça.”

As conclusões e o sumário executivo do documento - 481 páginas de um relatório que tem mais de 6300 páginas, diz o Washington Post – serão agora enviadas para a Casa Branca, a quem compete desclassificá-lo formalmente. Não se sabe quanto tempo esse processo demorará – pode levar meses, embora o Presidente Barack Obama tenha proibido o uso destas técnicas de interrogatório, igualadas a tortura por várias organizações internacionais.

Foi após os atentados do 11 de Setembro de 2001 que estas práticas começaram a ser usadas pelos Estados Unidos, durante os mandatos de George W. Bush, na sua campanha contra o terrorismo internacional. 

O relatório baseia-se na análise de milhões de registos internos da CIA, explica o Washington Post. Com base nessa análise, os senadores concluíram não haver grandes provas de que o uso de técnicas como a simulação de afogamento dos detidos para os obrigar a confessar o que não queriam dizer gere informação útil.

O relatório do Senado acusa ainda responsáveis da CIA de terem exagerado nas afirmações que fizeram ao Presidente, ao Congresso e ao Conselho de Segurança Nacional sobre a eficácia deste programa, atribuindo a informações obtidas com estas técnicas o desmantelamento de alegadas conspirações para cometer atentados terroristas. Ou então de exagerarem a importância desses mesmos atentados. 

Os republicanos que integram o Comité de Vigilância dos Serviços Secretos do Senado têm criticado fortemente o relatório, e recusaram-se a participar na investigação, por considerarem que é sobretudo uma tentativa para descredibilizar a CIA e a luta de George W. Bush contra o terrorismo.

Sugerir correcção
Comentar