Presidente palestiniano acusa Israel de “mortes a sangue-frio”

Mais dois palestinianos mortos na Cisjordânia, onde o Exército israelita realiza uma vasta operação de busca de três jovens raptados.

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Esta é maior operação militar israelita na Cisjordânia desde o fim da segunda Intifada, em 2005 Mussa Qawasma/reuters

Mais dois palestinianos foram mortos neste domingo por soldados israelitas na Cisjordânia, no quadro da operação lançada depois do rapto de três jovens israelitas, o que levou o Presidente Mahmoud Abbas a reclamar explicações a Benjamin Netanyahu sobre estas “mortes a sangue-frio”.

Estas duas vítimas elevam para quatro o número de palestinianos mortos numa semana na Cisjordânia. Um quinto palestiniano, gravemente ferido na cabeça durante confrontos com o Exército israelita na sexta-feira, está em estado de morte clínica num hospital israelita.

“Eu disse que os raptos são um crime, mas será que eles justificam a morte de adolescentes palestinianos a sangue-frio?”, perguntou Abbas, numa entrevista ao jornal israelita Ha'aretz. “O que é que Netanyahu tem a dizer sobre estas mortes? Será que as condena? Vejam o que se passou na Cisjordânia nestes últimos dias, a violência e a destruição de casas – será que se justifica?”

Sinal de um ressentimento crescente contra o Presidente Abbas, que defende a coordenação entre as forças de segurança da Autoridade Palestiniana e Israel na busca dos três israelitas raptados, jovens palestinianos lançaram pedras no domingo de manhã contra um posto da polícia palestiniana em Ramallah, segundo testemunhou um fotógrafo da AFP.

As forças de segurança israelitas estão a realizar uma vasta operação de busca, baptizada Guardiães dos nossos irmãos, que visa localizar os jovens desaparecidos desde 12 de Junho – Eyal Yifrach, Naftali Frenkel e Gilad Shaer foram vistos pela última vez a pedir boleia junto a um colonato a sul de Israel – e desmantelar as infra-estruturas do Hamas na Cisjordânia, a quem Israel imputa os raptos. Trata-se da maior operação militar naquele território desde o fim da segunda Intifada, em 2005.

No decorrer desta operação, as forças israelitas prenderam mais de 340 palestinianos, cerca de dois terços pertencentes ao movimento islamista, considerado uma organização terrorista por Israel, EUA e União Europeia.

Ao Ha'aretz, Mahmoud Abbas disse não ter “nenhuma informação credível que indique que o Hamas é responsável pelo desaparecimento dos três jovens”.

Uma das duas vítimas mortais mais recentes da operação Guardiães dos nossos irmãos é Ahmed Said Fahmaui, de 27 anos, descrito pela família como mentalmente instável, que foi morto a tiro em Nablus quando ia a caminho da mesquita para as orações da manhã. O Exército israelita diz que disparou contra um homem que se aproximou dos soldados de “forma ameaçadora” e que não recuou quando foram disparados tiros de aviso.

Em Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana, as tropas israelitas mataram a tiro Mohamed Tarifi, de 30 anos, segundo fontes médicas que referiram que outros cinco palestinianos foram feridos nos confrontos. O Exército não comentou estas informações.

Um outro palestiniano de 20 anos, gravemente ferido na cabeça durante confrontos com soldados israelitas no campo de refugiados de Qalandia, perto de Jerusalém, encontra-se em estado de morte clínica.

O representante palestiniano nas Nações Unidas, Riyad Mansour, apelou na sexta-feira à comunidade internacional para proteger a população civil palestiniana, vítima, segundo ele, de uma “punição colectiva”.

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