Poucos chineses estão a ter um segundo filho

A população da China está a diminuir e a envelhecer, mas a iniciativa do Governo para inverter os números não está a funcionar.

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Os casais chineses estão a ponderar se ter um segundo filho é bom para eles AFP

O Governo de Pequim autorizou uma parte dos casais a terem um segundo filho, quando há seis meses fez alterações à lei do filho único. Mas os chineses não estão a “cumprir” a ordem e o número de nascimentos está muito abaixo das estimativas que foram feitas.

Em Zhejiang, a primeira província onde a nova legislação foi posta em prática, as autoridades de saúde e planeamento familiar previam o nascimento de 80 mil bebés até ao final de 2014. Porém, só irão nascer 20 mil. 

“Algumas pessoas escolheram não ter o seu segundo filho este ano. Outras estão demasiado ocupadas com o seu trabalho e precisam de pensar muito bem no assunto”, disse Wang Guojing, director da comissão de saúde e planeamento familiar da província, citado pelo jornal China Daily

Em Hubei, outra das 29 províncias onde a nova regra já está em vigor, a diferença entre estimativa e bebés por nascer é também muito elevada. O comissário de saúde local, Yang Yunyan — que participou numa conferência de imprensa em Pequim onde foi feito o balanço da nova legislação —, disse que apesar da possibilidade de terem um segundo filho, os casais estão a ponderar se essa é uma boa opção. “Talvez aconteça que apenas uma parte dos que têm essa oportunidade venham a ter um segundo filho”, disse.

A alteração da política do filho único obedeceu sobretudo a factores de desenvolvimento socio-económico. A população chinesa, 1,3 mil milhões de pessoas, está a diminuir e a envelhecer. O Governo — ou seja, o Partido Comunista da China, cujo Comité Permanente aprovou a alteração da política do filho único  — quer renovar as gerações e assegurar que existem chineses em número suficiente para não haver uma crise social e económica. 

As estimativas nacionais — relativas às 29 províncias — apontavam para o nascimento de 90 milhões de bebés ao longo dos próximos anos. Como isso não está a acontecer, surge um novo risco, alertou na conferência de imprensa Zhai Zhenwu, reitor da Faculdade de Sociologia e Demografia da prestigiada Universidade de Renmin, em Pequim. Se os casais elegíveis — todos aqueles em que pelo menos um elemento é filho único — decidirem todos esperar, pode haver uma concentração de nascimentos num só ano. Um crescimento concentrado que não é desejável, disse.

Zhai Zhenwu explicou que, até 31 de Maio, dos 140-150 milhões de casais abrangidos pela nova lei, apenas 270 mil pediram autorização (que continua a ser necessária) para ter o segundo filho. Um factor a contribuir para esta pouca adesão ao segundo filho, explicou o especialista da Renmin, é os eleitos estaram sobretudo concentrados nas médias e grandes cidades, onde a disponibilidade para um segundo filho é menor.

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