Polícias que mataram blogger egípcio condenados a sete anos de prisão

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A página no Facebook criada em sua homenagem foi uma das instigadores da revolução de Fevereiro DR

Foram condenados a sete anos de prisão os dois polícias que, em Junho do ano passado, espancaram e asfixiaram até à morte Khaled Said, um blogger egípcio que se tornou um ícone da revolução que derrubaria o Presidente Hosni Mubarak.

O tribunal penal de Alexandria condenou Mahmoud Salah Mahmoud e Awad Ismail Suleiman por “crueldade” contra a vítima, uma sentença que não agradou a ninguém: mal foi lido o veredicto, familiares dos dois polícias insultaram o juiz e agrediram alguns advogados, enquanto activistas e parentes do jovem se insurgiam contra a leveza das penas. “Não lhe foi feita justiça e nós não vamos desistir”, disse à Reuters um tio, avisando que a resposta ao veredicto “será feita nas ruas, não dentro do tribunal”.

Khaled Said, de 28 anos, foi detido num cibercafé de Alexandria e arrastado para a rua onde, perante algumas testemunhas, foi espancado pelos dois polícias. A polícia disse inicialmente que o jovem morrera asfixiado ao tentar engolir um pacote de droga no momento em que foi detido mas, perante a onda de indignação, uma investigação forense concluiu que o blogguer morreu devido a ferimentos resultantes da agressão e a asfixia, provocada por um saco que lhe foi colocado sobre a boca até ter ficado inconsciente.

A sua morte indignou os opositores ao regime, que viram no caso um exemplo da brutal repressão do regime de Mubarak. Em homenagem ao blogger, foi criada no Facebook a página “Somos todos Khaled Said”, um dos primeiros fóruns onde em Janeiro, quando a revolução ganhava já dimensão na Tunísia, foram lançados apelos à revolta.

Wael Ghonim, um dos fundadores do site e que chegou a estar preso durante a revolução, escreveu que o julgamento “envia uma mensagem a todos os que disseram que Khaled morreu por causa da droga” mas sublinha que deve ser feita também feita justiça “a todos os egípcios que como ele foram mortos, torturados, humilhados e roubados impunemente”. “Somos todos Khaled Said”, lembrou.

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