Polícia investiga "casa dos horrores" no Sudoeste da Nigéria

Para além dos cadáveres e dos restos de corpos, sabe-se que foram encontradas 15 pessoas acorrentadas dentro da casa.

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A casa está rodeada de vegetação e foram encontrados restos de cadáveres em redor Pius Utomi Ekpe/AFP

Dezenas de jovens, alguns armados com bastões e facas, tentaram esta segunda-feira entrar na casa abandonada de Ibadan, no Sudoeste da Nigéria, onde durante o fim-de-semana foram encontrados cadáveres em decomposição, crânios e esqueletos, assim como pessoas acorrentadas e malnutridas.

Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas quando grupos de jovens tentavam entrar na “casa dos horrores”, como lhe chama a imprensa nigeriana. A polícia montou entretanto um cordão de segurança em redor na casa, parcialmente escondida por vegetação alta, carcaças de viaturas abandonadas e restos de tractores.

“Queríamos salvar os nossos, eles ainda estão enterrados e pedem ajuda… A polícia impediu-nos e nós enervámo-nos”, disse um dos jovens à AFP.

Para além dos cadáveres e dos restos de corpos — no interior e no exterior da casa —, sabe-se que a polícia encontrou 15 pessoas acorrentadas dentro da casa. E várias pessoas em estado de malnutrição, que “pareciam esqueletos” a vaguear pelos bosques em redor, disse a porta-voz da polícia Olabisi Illobanafor.

A polícia ainda não avançou com nenhuma explicação para a descoberta. Os media locais escrevem que as vítimas de rapto são frequentemente torturadas e sacrificadas em rituais de magia negra, lembrando ainda o tráfico de órgãos que existe no país.

“Não é comum algo assim em Ibadan ou no estado de Oyo”, garantiu Illobanafor, citada pela BBC. Ibadan, uma das maiores cidades da Nigéria, 130 quilómetros a Norte de Lagos, é a capital do estado. “A polícia vai investigar o crime em todas as suas ramificações.” Segundo a polícia, já foram detidos seis suspeitos.

Sabe-se que o alerta foi dado por taxistas que trabalham em motocicletas, e que tinham ido à procura de alguns colegas desaparecidos.

Esta segunda-feira, alguns jornalistas puderam entrar na casa: os jornalistas da AFP descrevem “um cheio insuportável e milhares de moscas, o que obrigou toda a gente a cobrir o nariz e a boca”. De resto, já só encontraram peças de roupa, sapatos e utensílios de cozinha espalhados pelas oito divisões.

Segundo os habitantes, a casa serviu durante algum tempo de escritório de uma empresa de construção. “Há muito tempo que notávamos idas e vindas nesta zona e alertámos os agentes de segurança, mas ninguém reagiu”, disse à AFP um chefe local, Isiaka Bello.

Numa visita ao local depois dos distúrbios, o governador do Estado prometeu que os culpados serão encontrados. “Os que estão por trás deste acto odioso serão punidos diante de Deus. Nós também, nós também os puniremos assim que os prendermos”, disse Abiola Ajumobi. “Alguns suspeitos já foram detidos, outros fugiram. Mas estamos na pista deles”, garantiu.

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