O papa Francisco e o patriarca ortodoxo Bartolomeu relançaram em Istambul a aproximação das suas duas igrejas, separadas há mais de mil anos, com o objectivo de proteger os cristãos do Oriente, ameaçadas pelos jihadistas no Iraque e na Síria.

No terceiro dia da viagem do Papa à Turquia, os dois dignitários assumiram vigorosamente a defesa das suas comunidades religiosas, garantindo, numa declaração comum, que não aceitarão “jamais um Médio Oriente sem cristãos”.

“Muitos dos nossos irmãos e irmãs são perseguidos e foram obrigados, pela violência, a deixar as suas casas”, lamentaram numa declaração comum, em que deploram também “a indiferença de muitos” pela sua situação. Referem-se à ofensiva lançada em Junho pelos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que fez centenas de milhares de refugiados, cristãos, muçulmanos e também e yazidis.

Para ilustrarem a sua proposta, Francisco e Bartolomeu, que se dizem amigos, apareceram de mão dada e beijaram-se numa cerimónia celebrada neste domingo em Istambul, na igreja de São Jorge. Mas a perspectiva de uma reunificação dos católicos com os ortodoxos – que se fraccionaram em numerosas igrejas autocéfalas, após o grande cisma do Oriente, em 1054 – será algo delicado, pois rivalidades continuam muito vivas, mesmo entre as igrejas ortodoxas.

Na sua declaração comum, Francisco e Bartolomeu evidenciaram “o ecumenismo do sofrimento” como o factor de aproximação entre as igrejas. “A terrível situação dos cristãos e de todos os que sofrem no Médio Oriente exige não apenas uma oração constante mas também uma resposta apropriada por parte da comunidade internacional”, insistiram os dois responsáveis religiosos neste texto.

A Igreja Católica não pretende impor nenhuma exigência, “apenas a da profissão de fé comum”, prosseguiu o Papa, que deixa neste domingo a Turquia.