Palestiniano morto a tiro por soldados israelitas em Gaza

O incidente, o primeiro desde o conflito do último Verão, coincide com momento de tensão elevada na região.

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As filhas de Mohammed Halawa choram a morte do pai Suhaib Salem/Reuters

Um agricultor da Faixa de Gaza foi morto a tiro por soldados israelitas estacionados na fronteira com aquele território palestiniano, no primeiro incidente mortal desde o cessar-fogo acordado após 50 dias de guerra neste Verão.

A morte foi anunciada pelas autoridades de saúde em Gaza, que identificaram a vítima como Fadel Mohammed Halawa, de 32 anos. Um porta-voz disse à AFP que o palestiniano estava a cultivar as suas terras, junto ao campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza,quando foi alvejado por um sentinela militar israelita. Mas familiares de Halawa contaram à Reuters que o homem tinha saído de casa para procurar pequenos pássaros que fazem ninho em árvores situadas próximo da fronteira, muito procurados nos mercados de Gaza.

Israel retirou da Faixa de Gaza em 2005, mas o seu Exército continua a controlar a fronteira, tendo imposto zonas de exclusão numa parcela de território junto à vedação electrificada, por receio de infiltrações ou atentados contra as patrulhas militares.

O incidente é o primeiro desde que a 26 de Agosto um acordo de cessar-fogo mediado pelo Egipto pôs fim ao mais recente embate entre o Exército israelita e as forças do Hamas, movimento palestiniano que controla o território. Israel lançou uma incursão para pôr fim ao disparo de rockets contra o seu território, durante a qual as Nações Unidas afirmam que mais de 2100 palestinianos e 67 soldados israelitas foram mortos. Os rockets do Hamas mataram também seis civis israelitas.

O acordo previa, além do cessar-fogo, a continuação das negociações sob mediação egípcia, nomeadamente sobre as formas de alívio do bloqueio à Faixa de Gaza, em vigor desde um anterior conflito em 2006, mas o diálogo não foi ainda retomado.

Este incidente surge num momento de tensão elevada entre israelitas e palestinianos depois de uma série de ataques em Jerusalém e na Cisjordânia que mataram nove civis israelitas. Acções aparentemente não coordenadas mas que expressam a revolta palestiniana com novos planos de colonização do Governo israelita e uma campanha de activistas de direita para que os judeus possam rezar no recinto conhecido por Pátio das Mesquitas – terceiro lugar mais sagrado do islão, onde em tempos se ergueram os templos históricos do judaísmo, dos quais resta apenas o Muro das Lamentações.

Neste domingo, uma casa de palestinianos junto a Ramallah foi incendiada e a inscrição “Morte aos árabes” inscrita numa das paredes. Ninguém ficou ferido, mas o proprietário da habitação atribui o ataque a colonos israelitas.
 

   





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