Oposição paquistanesa marcha até ao Parlamento para exigir demissão de Sharif

Governo deu ordens para não agir com violência, mas a situação pode fugir ao controlo das autoridades.

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Imran Khan, antigo jogador de críquete, é o líder dos protestos Akhtar Soomro/Reuters

Milhares de paquistaneses entraram na zona mais segura da capital, Islamabad, para exigirem junto ao Parlamento a demissão do primeiro-ministro, no final de uma marcha liderada pelo líder da oposição, o antigo jogador de críquete Imran Khan.

Apesar de o chefe do Governo, Nawaz Sharif, ter prometido que não irá usar a força contra os manifestantes, a situação é muito tensa porque a zona mais sensível alberga vários edifícios estatais e embaixadas internacionais.

As manifestações em larga escala contra o Governo de Nawaz Sharif começaram na sexta-feira passada, e nesta segunda-feira os deputados eleitos pelo partido de Imran Khan, o PTI, anunciaram que vão renunciar aos seus mandatos, como forma de protesto – com 34 dos 342 lugares no Parlamento, o PTI é a terceira maior força política do país.

Imran Khan e os seus apoiantes exigem a demissão de Nawaz Sharif. Em causa estão as eleições de 2013, que o PML-N, do actual primeiro-ministro, venceu de forma esmagadora, num acto eleitoral que a oposição considera ter decorrido de forma fraudulenta.

Mas Imran Khan e os seus apoiantes não estão sozinhos nos protestos contra Nawaz Sharif – ao seu lado está o imã populista Tahirul Qadri, cujos apoiantes estão acampados em Islamabad e ameaçam marchar até ao Parlamento ao mesmo tempo.

A segurança na zona das embaixadas e do Parlamento foi reforçada e o primeiro-ministro comprometeu-se a não usar a força, mas os ânimos entre os manifestantes podem levar à perda do controlo da situação.

"O meu sangue está a ferver e eu quero ser martirizado. Se não entrarmos na 'zona vermelha' hoje [terça-feira], abandonarei este partido amanhã", disse à agência Reuters Shams Khan, um dos apoiantes de Imran Khan.

Estes protestos são vistos como o maior desafio ao actual Governo, não só pela capacidade de mobilização dos dois dirigentes, mas também porque acontecem num momento de grande instabilidade no país, a braços com um grave crise económica, a incapacidade das autoridades para fornecer os serviços básicos a uma população em rápido crescimento e uma violenta insurreição dos taliban – após uma tentativa frustrada de negociações – e acusações de corrupção.

Os apoiantes do primeiro-ministro dizem que os protestos têm a mão do poderoso Exército, que em 1999 derrubou Sharif do Governo e com quem ele mantém difíceis relações. No entanto, poucos acreditam que os militares intervenham de novo para derrubar Sharif.

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