O punho fechado

Breivik no Tribunal
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Breivik no Tribunal Hakon Mosvold Larsen/AFP
Tommie Smith e John Carlos fazem, nas Olimpíadas de 1968, um gesto de protesto contra o tratamento dado pelos EUA à sua população negra
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Tommie Smith e John Carlos fazem, nas Olimpíadas de 1968, um gesto de protesto contra o tratamento dado pelos EUA à sua população negra AFP

A saudação que Breivik fez no tribunal de Oslo, um braço estendido com um punho fechado, foi vista como uma saudação de extrema-direita.

Breivik descrevia, aliás, o gesto no seu longo manifesto em que dava atenção à propaganda: era um “sinal de força, poder e desafio contra os tiranos marxistas da Europa”, esses que o arguido acusa de fomentar o multiculturalismo. “A nossa saudação não tem nada a ver com a saudação romana onde a palma está virada para baixo com os dedos juntos”, também usada pelos nazis, explicava ainda Breivik.

Mas a verdade é que o punho fechado evoca muitas vezes algo contrário ao que Breivik pretendia simbolizar. Porque o punho fechado é normalmente mais associado com o gesto dos atletas Tommie Smith e John Carlos, no pódio das Olimpíadas de 1968, em protesto pelo tratamento dados pelas autoridades americanas à sua população negra.

E o punho tem sido mais usado ao longo da História por grupos de esquerda e de defesa de grupos oprimidos, sublinha a emissora britânica BBC. Há punhos fechados em cartazes de sindicatos em 1917, em fotografias de anti-fascistas espanhóis nos anos 1930, e ainda no logótipo feminista do punho fechado dentro do símbolo do género feminino.

Breivik não é, no entanto, o primeiro acusado de assassínios políticos a usar este gesto em tribunal. A BBC lembra que Lee Harvey Oswald fez o mesmo depois de ter sido detido pela morte de John F. Kennedy, e Carlos “o Chacal”, também.

No fundo, o sinal é popular porque junta conotações de resistência, solidariedade, orgulho e militância num gesto simples, diz o psicólogo Oliver James. "É um modo de indicar que pretendes combater uma força poderosa, malévola e institucional, com a tua própria força - és um indivíduo que se sente ligado a outros indivíduos para lutar um 'statu quo' opressivo."

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