Satélite detecta 122 objectos no Índico, a “pista mais credível” sobre o voo MH370

Doze aviões esquadrinham área de buscas para tentar localizar destroços. Firma de advogados americana processa Boeing e Malaysia Airlines por supostas falhas técnicas no avião desaparecido.

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Há 12 aviões de sete países envolvidos nas buscas pelo ar Reuters

É mais uma peça do puzzle, um indício de que o Boieng 777 da Malaysia Airlines se despenhou no Sul do Índico, ainda que mais de uma semana depois de as buscas terem começado naquela zona não tenham sido encontrados quaisquer destroços que o provem. As novas imagens de satélite, captadas no domingo, mostram mais de uma centena de objectos a flutuar dentro da vasta área de mar onde estão concentradas as buscas.

As novas imagens – a quarta peça de informação recolhida por satélites – foram captadas pela Airbus Defence and Space, divisão militar e aeroespacial do consórcio europeu de aeronáutica, e mostram 122 objectos espalhados por uma área de 400 quilómetros quadrados, adiantou o ministro da Defesa e dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein. “Alguns dos objectos parecem ser brilhantes, o que indica que se trata de materiais sólidos”, disse o ministro, revelando que os fragmentos identificados nas imagens têm entre um a 13 metros de comprimento.

A Autoridade de Segurança Marítima da Austrália (AMSA), que está a coordenar as buscas, diz que as novas imagens são de uma zona próxima dos locais onde foram já detectados outros fragmentos. “É preciso sublinhar que não é possível afirmar que os potenciais objectos pertencem ao voo MH370”, disse Hishammuddin. “Ainda assim, é mais um dado que nos pode ajudar a apurar as buscas”, explicou o ministro, afirmando que os objectos dispersos agora detectados  são “a pista mais credível” em posse das autoridades.

As imagens de satélites e alguns objectos avistados do ar nos últimos dias levaram as autoridades a limitar a área de buscas, situada a cerca de 2500km a sudoeste de Perth, na costa ocidental da Austrália. Durante todo o dia, 12 aviões de seis países sobrevoaram dois sectores na zona, mas nem eles nem os dois navios que se encontram na área conseguiram localizar qualquer objecto que permita confirmar a tese oficial – baseada em cálculos efectuados a partir de dados de satélite – de que o Boeing 777 se despenhou no Sul do Índico, cerca de seis horas depois de se ter desviado da rota inicial e desaparecido dos radares.

Mau tempo dificulta busca

As buscas não poderiam decorrer numa zona mais difícil – os marinheiros referem-se àquela região do Índico como o “país da sombra”, um grande deserto marinho situado para lá da latitude 40, onde os ventos, as correntes e a agitação são habitualmente fortes. Na terça-feira as ondas chegaram a atingir os 20 metros e as buscas foram suspensas. Quarta-feira o tempo melhorou, mas com a aproximação do Inverno serão cada vez menos as “janelas de oportunidade” para procurar destroços, avisa o serviço meteorológico australiano.

“A zona de buscas é o mais longe de tudo que podemos imaginar, mas é mais perto da Austrália do que de qualquer outro país”, disse o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, assegurando que Camberra “está a dar tudo o que tem” para localizar os destroços. “Devemos isto às famílias e devemos isto a um mundo ansioso por fazer tudo ao seu alcance para localizar os destroços e resolver o mistério deste extraordinariamente malogrado avião”, afirmou.

A Perth chegou, entretanto, o sofisticado equipamento enviado pela Marinha norte-americana – um submarino não tripulado e um sonar capaz de descer até 6000 metros de profundidade para detectar os sinais emitidos pelos localizadores das caixas negras. O Towed Pinger Locator será acoplado a um navio da Marinha australiana que vai partir de Perth nos próximos dias. Mas o equipamento não estará na área de buscas antes de dia 5 de Abril, o que deixa poucos dias para detectar os pings emitidos pelas caixas negras, já que as baterias que alimentam os localizadores têm uma duração estimada de 30 dias. Como se não bastasse, explicam os oceanógrafos, o fundo do mar naquela região do Índico é muito acidentado, com crateras e ravinas, e grande actividade vulcânica.

Processo milionário

Um passo à frente está já  a firma de advogados norte-americana Ribbeck Law. A sociedade, sediada em Chicago, anunciou que vai processar a Boeing (fabricante do avião) e a Malaysia Airlines (o operador do voo) por falhas técnicas que acredita terem estado na origem da queda do avião, baseando a sua tese em incidentes anteriores que envolveram a frota de 777.

Desvalorizando as suspeitas de que o avião foi deliberadamente afastado da sua rota, a petição entregue num tribunal do estado do Illinois (EUA) parte do princípio que “houve uma avaria no equipamento do cockpit que poderá ter causado um incêndio que deixou a tripulação inconsciente”, ou de que uma falha já anteriormente reportada na fuselagem do Boeing “provocou uma despressurização da cabina que deixou o piloto e co-piloto inconscientes”, disse aos jornalistas a advogada Monica Kelly. “A aeronave transformou-se num avião fantasma que voou durante várias horas até ficar sem combustível.”

A petição foi apresentada em nome de um advogado indonésio, tio de um dos passageiros, mas a firma espera vir a representar pelo menos metade das famílias dos ocupantes, num processo de “milhões de dólares” que terá como principal alvo a Boeing.

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