Netanyahu bate recorde de construção nos colonatos da Cisjordânia

O primeiro-ministro de Israel deve vencer as eleições de 3.ª feira, indicam sondagens. A sua política inviabiliza um Estado palestiniano mas atrai os judeus mais ortodoxos.

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À espera do autocarro no colonato de Kiryat Arba Baz Ratner/Reuters

Durante o mandato que tenciona renovar nas eleições do próximo dia 22, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou a construção de um número recorde de casas para judeus na Cisjordânia ocupada. Deverá ainda emitir licenças para erigir mais 200 - das quais, 89 em Kiryat Arba, colonato junto a Hebron, uma das cidades que os palestinianos reclamam como parte do seu futuro Estado.

 

Estes números constam de um relatório da organização não-governamental Peace Now (Paz Agora) publicado no mais importante jornal em língua hebraica, Yedioth Ahronoth. Em 2012, foram construídas nos colonatos da Cisjordânia 1200 habitações (em 2011 foram 1.607) com capacidade para 6.676 pessoas, segundo a mesma fonte.

Em 2010, a colonização abrandou depois de Netanyahu ter aceitado uma moratória na construção sob pressão do Presidente Barack Obama, que queria fazer reviver o processo de paz com a Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas.

 “As políticas e acções na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental revelam clara intenção de utilizar os colonatos para torpedear e inviabilizar a opção realista apresentada pelos Estados Unidos para [solucionar] o conflito israelo-palestiniano”, critica o Peace Now no seu relatório.

Mais de meio milhão de judeus vive em colonatos — considerados ilegais pela comunidade internacional — na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios conquistados na guerra israelo-árabe de 1967. As negociações com os palestinianos estão suspensas desde há dois anos, precisamente devido à contínua ocupação territorial. No entanto, a avaliar por recentes sondagens nos media israelitas, esta política beneficia Netanyahu, cujo partido Likud se apresenta como favorito a manter-se no poder, após as eleições do próximo dia 22.

Os judeus ultra-ortodoxos, para quem a “Judeia e Samaria” (nome bíblico de Jerusalém) é parte da “Terra de Israel” e que em anteriores eleições escolhiam partidos mais religiosos, estarão a mudar-se para o campo do primeiro-ministro. “Bibi” Netanyahu poderá, assim, ver a sua representação no Knesset (Parlamento) subir de 25 para 40 deputados.

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