Morreu Win Tin, um histórico da oposição birmanesa

Criticou alguns membros do seu partido por serem demasiado subservientes em relação a Aung Suu Kyi.

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WIn Tin quando foi libertado HLA HLA HTAY/AFP

Win Tin, figura histórica da oposição birmanesa e um dos fundadores da Liga Nacional para a Democracia (o partido de Aung San Suu Kyi), morreu aos 87 anos.

Tin esteve preso 19 anos durante o regime militar e foi libertado em 2008. Um porta-voz do partido descreveu-o como "um grande pilar" do movimento opositor que, pela persistência, conseguiu levar as autoridades a iniciarem a transição política. "É uma grande perda para o partido e para o país", disse o porta-voz da Liga, Nyan Win.

Win Tin estava hospitalizado desde 12 de Março devido a problemas respiratórios.

Jornalista de profissão, Tin era editor quando foi preso, em 1989, e encarcerado na prisão de Insein, em Rangum, a antiga capital da Birmânia. Passou a maior parte dos anos que esteve preso na solitária e a sua pena foi alargada duas vezes. 

Libertado em 2008, continuou a usar a camisa azul, símbolo do uniforme de preso político como forma de resistência à junta militar. "Quando fui libertado, havia 500 presos políticos", disse à BBC em 2013. "Pelo que eu disse que ia continuar a usar [a camisa azul]. Enquanto existirem presos políticos eu devo usar esta camisa, este uniforme. Quero mostrar a minha solidariedade para com eles".

Dois anos depois da libertação de Tin Win, a Birmânia realizou as primeiras eleições livres em duas décadas. Destinaran-se a fazer a passagem do regime militar para o civil, mas o acto eleitoral foi boicotado pelo partido de Suu Kyi e Tin, que acusara os militares de pretenderem apenas mudar de roupa - os mesmos líderes, mas agora sem fardas.

Porém, a Liga aceitou entrar na arena política à medida que o Governo começou a aplicar um processo de reformas - a censura abrandou, os presos políticos começaram a ser libertados e nas eleições que se seguiram a Liga elegeu representantes para o Parlamento. 

Tin foi sempre uma figura crítica em relação ao próprio partido, tendo acusado alguns membros da Liga de serem demasiado subservientes em relação a Aung San Suu Kyi.

"Posso ser uma voz solitária, mas sou uma voz que se ouve", disse à BBC quando elogiou as mudanças mas sublinhou que apesar de haver "uma luz ao fundo do túnel" ainda há muitas mudanças por fazer na Birmânia.

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