Marrocos alertou Madrid para presença de alegado membro da Al-Qaeda no país

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Representantes das polícias e serviços de segurança e informações de vários países da Europa vão reunir-se em Madrid Denis Doyle/AP

As autoridades marroquinas alertaram no passado as congéneres espanholas para a presença em Madrid de Jamal Zugam, um dos marroquinos detidos no âmbito do inquérito aos atentados terroristas de 11 de Março e alegadamente relacionado com a Al-Qaeda.

Em Junho de 2003, Rabat alertou Madrid para o facto de Zugam ter regressado a Espanha após uma visita ao seu país de origem.

O marroquino — assinalado pelas autoridades de Rabat como "particularmente perigoso", indicou um fonte próxima do Governo marroquino, que pediu o anonimato — é um dos principais suspeitos dos atentados na capital espanhola, que causaram mais de 200 mortos e mais de mil feridos.

Jamal Zugam, de 30 anos, abandonou Marrocos três semanas após os atentados-suicida de Casablanca, realizados em Maio de 2003, e que agora as autoridades tentam perceber se estão relacionados com os mais recentes acontecimentos de Madrid.

O marroquino integra um grupo de cinco suspeitos detidos pelas autoridades espanholas no âmbito do inquérito aos atentados e continua sob interrogatório, ao abrigo da lei antiterrorista que permite alargar o período de detenção sem culpa formada. A rádio Cadena Ser e o diário "El País" noticiaram informações que revelam que Jamal Zugam terá participado directamente nos atentados de 11 de Março. O mesmo indivíduo é citado por duas vezes na instrução do juiz Baltasar Garzón sobre o envolvimento da célula espanhola da Al-Qaeda nos atentados terroristas de 11 de Setembro nos EUA.

Dois dos suspeitos são também marroquinos — Muhammad Bekkali e Muhammad Chaui —, estando em Espanha desde a sua infância e, portanto, realça a mesma fonte, "cabe às autoridades espanholas dizerem quem eles são".

Ao mesmo tempo, as autoridades marroquinas — que se predispuseram a colaborar com Madrid para determinar a identidade dos suspeitos detidos e a sua possível ligação com grupo radicais islâmicos e com os ataques de Casablanca — lamentaram o facto de Madrid não ter ainda respondido ao pedido de extradição de Abdalaziz Benyaych, acusado em Espanha e cujo irmão, Salahdin Benyaych foi condenado em Marrocos no âmbito do inquérito aos atentados de Casablanca, atribuídos à Jihad Salafita e que causaram 45 mortos, entre os quais doze bombistas suicidas.

Nos próximos dias vão chegar a Madrid representantes das polícias e serviços de segurança e informações de vários países da Europa, para debater o terrorismo global.

Entretanto, a polícia basca deteve um magrebino que, em Janeiro, na presença de agentes das forças de segurança da região autónoma, prometeu "encher de cadáveres Atocha e Castellana", segundo fontes do Ministério do Interior citadas pela Cadena Ser.

O detido deverá comparecer perante o juiz Baltasar Garzón, para se perceber se tem alguma relação com os atentados de Madrid.

Os factos que levaram à detenção do suspeito em San Sebastián aconteceram em meados de Janeiro, quando uma patrulha da polícia basca se deslocou a um edifício na cidade basca depois de ter recebido denúncias de alguns vizinhos por causa de tráfico de droga na zona. Os polícias localizaram várias pessoas de origem magrebina, que foram identificadas.

Quando solicitaram os documentos aos suspeitos, um deles enfrentou os agentes, proferindo frases como: "Vamos matar montes de madrilenos" e "Vamos encher de cadáveres Atocha [estação de comboios, um dos alvos dos ataques de 11 de Março] e Castellana [uma das principais avenidas da capital espanhola]". O incidente acabou apenas com a identificação do indivíduo.

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