Marcha de Orange em Belfast termina em violência contra a polícia

Grã-Bretanha enviou neste sábado mais 400 agentes e tem agora mil polícias na Irlanda do Norte.

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Os participantes na marcha voltaram-se contra a polícia em Belfast REUTERS/Cathal McNaughton

A Grã-Bretanha já reforçou com mais 400 agentes um contingente especial de 600 polícias destacados para a Irlanda do Norte, na sequência dos motins que fizeram mais de 30 feridos após a tradicional marcha protestante da Ordem de Orange, em Belfast.

A violência eclodiu na noite de sexta-feira, depois de os participantes na marcha, os chamados “unionistas” que são partidários do governo de Londres, terem sido impedidos de percorrer o seu itinerário tradicional, que entra pelo bairro católico de Ardoyne, no norte de Belfast, uma área predominantemente nacionalista.

Segundo a polícia da Irlanda do Norte, os agentes que asseguravam o corte do trânsito e o desvio do cortejo foram atacados com pedras, tijolos, garrafas e cocktails-molotov e atingidos por indivíduos com bastões e espadas. “Alguns agentes ficaram inconscientes, outros sofreram lesões na cabeça e nos membros”, disse o chefe-adjunto da polícia da Irlanda do Norte, Will Kerr, que defendeu como apropriado o recurso a canhões-de-água e para dispersar a multidão.

Actos de violência repetiram-se nas zonas leste e sul da cidade, onde organizações ligadas à ordem de Orange protestavam contra a decisão da comissão municipal que autoriza as paradas de barrar o trajecto por Ardoyne – uma medida de prevenção uma vez que os confrontos entre a comunidade republicana daquele bairro e os participantes na marcha são frequentes.

A Ordem de Orange, que tinha instado os seus apoiantes a denunciar a mudança do percurso tradicional, emitiu um comunicado a suspender qualquer acção de protesto. O deputado de Belfast Nigel Dodds, que recebeu tratamento hospitalar depois de ter sido atingido por um objecto pesado na cabeça, fez um apelo à calma, repetido pelo ministro da Irlanda do Norte, Peter Robinson. No entanto, o líder do Sinn Feinn, Gerry Kelly, responsabilizou a Ordem de Orange e os políticos unionistas pela violência, que apanhou de surpresa muitas famílias com crianças.

A data de 12 de Julho, que marca a derrota das tropas jacobitas do rei Jaime II às mãos do príncipe Guilherme de Orange na batalha do Boyne, em 1690, é tradicionalmente celebrada pelos protestantes da Irlanda do Norte com marchas e paradas.

A perspectiva de disputas sectárias entre protestantes e católicos já tinha levado o responsável pela polícia da Irlanda do Norte a solicitar o apoio das autoridades da Grã-Bretanha, que de início enviaram 600 homens para a região. O pedido foi inédito: habitualmente, era o Exército britânico quem assegurava a segurança durante as marchas.

 

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