Mãe indiana publica anúncio a pedir noivo vegetariano para o filho gay

Na Índia a homossexualidade é proibida por lei e a maioria dos jornais, incluindo os de referência, rejeitaram-no.

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Este é o primeiro anúncio de procura de matrimónio gay da Índia DR

O anúncio apareceu na terça-feira nas páginas de Classificados do jornal Mid-Day, de Mumbai: Padma Iyer publicou um anúncio de matrimónio para o filho, Harrish, que é um dos mais conhecidos activistas gay da Índia.

Como todas as mães, Padma quer o melhor para o filho e o texto do anúncio diz: "Procuro: noivo, 25-40 anos, bem na vida, amigo dos animais, vegetariano, para o meu filho, 36 anos, que trabalha numa ONG. Qualquer casta (mas prefere-se Iyer).

É o primeiro anúncio de procura de matrimónio homossexual a ser publicado pela imprensa indiana. E provocou espanto num país onde a homossexualidade é ilegal, apesar de já terem sido feitas algumas tentativas para descriminalizá-la. Em 2009, um tribunal de instância superior de Nova Deli aboliu uma lei colonial com 148 anos que bania a homossexualidade mas, em 2013, o Supremo Tribunal anulou a decisão de Deli, mantendo a homossexualidade um crime.

Muitos jornais, como os de referência Times of India e Hindustan Times, que têm milhões de leitores, rejeitaram o anúncio por violar a lei, mas o editor do Mid-Day, de Mumbai, Sachin Kalbag, aceitou-o.

"Enquanto organização, sempre apoiámos a igualdade de direitos, independente da religião, da casta, da orientação sexual, da cor da pele ou seja do que for. Assim, quando o anúncio de matrimónio gay chegou aos nossos escritórios, não pensámos duas vezes e publicou-se", disse Kalbag ao jornal britânico The Telegraph. "Na Índia, os anúncios de procura de matrimónio são uma das formas mais eficazes de casar. Com este anúncio, a mãe de Harrish Iyer espera encontrar um noivo para o filho. Desejamos o melhor para ambos", disse o editor.

Harrish Iyer comentou a iniciativa da mãe. Disse que não está necessariamente à procura de um "casamento combinado" ou de um noivo de uma casta superior (os iyer são brâmanes de origem tamil) — "a minha mãe só está a tentar arranjar-me encontros", explicou. Mas sublinhou que o facto de o anúncio ter sido rejeitado por tantos jornais tornou o assunto um caso de luta pela igualdade de direitos.

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