Lula destaca laços "cada vez mais fortes" no final da visita a Portugal

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Lula da Silva considera que a tendência é o "Brasil e Portugal ficarem cada vez mais irmãos" Armando França/AP

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje, em Cascais, que a aproximação entre Portugal e o Brasil é "cada vez mais forte" do ponto vista político, cultural e comercial, mas "precisa de prosseguir o seu crescimento".

No final da visita, o chefe de Estado brasileiro disse aos jornalistas que convidou o Presidente português, Jorge Sampaio, a visitar o Brasil, mas adiantou que não há ainda uma data prevista.

Fazendo um balanço rápido da sua primeira visita de Estado a Portugal, que hoje termina, Lula considerou que houve "uma vitória da diplomacia dos dois países".

"A consciência política dos Governos português e brasileiro demonstrou que estamos preocupados em tratar com muito carinho os portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal", realçou.

Lula da Silva adiantou também que a tendência é o "Brasil e Portugal ficarem cada vez mais irmãos", segundo a Lusa.

Lula referiu igualmente que o mais importante que leva de Portugal é "o carinho com que foi tratado pelo Presidente Jorge Sampaio, pelo primeiro-ministro, Durão Barroso, mas, sobretudo, pelo povo português".

Sampaio defende parcerias entre empresas brasileiras e portuguesas

Por seu lado, Jorge Sampaio, defendeu também hoje, no final da visita de Lula da Silva, parcerias entre empresas brasileiras e portuguesas para "uma inserção num contexto europeu mais vasto e também em África".

Sampaio acredita que o Estado, em conjunto com empresários portugueses, pode ajudar a internacionalização das empresas brasileiras.

"As possibilidades de investimento existem. Agora é uma questão de avançar com essas oportunidades", precisou o chefe de Estado português.

De acordo com o Presidente português, "os brasileiros têm uma enorme vantagem competitiva, a língua comum e a tradição", além de outro factor, "o excelente nível em que se encontram as relações políticas".

Para Sampaio, a visita de três dias de Lula a Portugal, foi "muito positiva", especialmente no que respeita aos acordos que foram assinados entre os dois países — caso da legalização dos emigrantes.

Contudo, Jorge Sampaio frisou que é necessário "um trabalho conjunto entre os dois Governos", especificando áreas como a dos vistos e do trabalho: "se as coisas não são bem feitas e acompanhadas pelos dois Executivos como rotina, depois há problemas que são difíceis de resolver", acrescentou.

Para o chefe de Estado português, "Lula é um líder cujo percurso suscita as maiores expectativas".

"Aquilo que [Lula] conseguir fazer no contexto da América do Sul e num país que é quase um continente, como o Brasil, terá fatalmente repercussões positivas na solidariedade à escala mundial", precisou.

Segundo Jorge Sampaio, actualmente é necessário "juntar pragmatismo, utopia e vontade em doses habilmente combinadas, mas com uma estratégia correcta".

Destacou ainda a importância dos políticos modernos contarem com "um eleitorado motivado". "Sem que isso aconteça, é muito mais difícil avançar", concluiu.

Durão diz que Brasil reforçará relações económicas com Portugal

Já o primeiro-ministro português, Durão Barroso, afirmou hoje que as relações económicas do Brasil em Portugal "serão reforçadas", falando à Lusa após um almoço com os Presidentes português e brasileiro.

"Somos um grande investidor no Brasil e este país também pode aumentar em muito o seu nível de investimento em Portugal", precisou o chefe do Governo de Lisboa.

"O Brasil tem aqui um boa plataforma para a Europa. Acho que há muito boas oportunidades nos dois sentidos", afirmou.

Para Durão Barroso, a visita de Lula da Silva "deu sinais de confiança muito bons em ambos os sentidos".

"É certo que Portugal vai continuar a apostar no Brasil. Queremos que o Brasil tenha sucesso nos próximos anos", concluiu.

CGTP e UGT elogiam Lula por manter "camisola de sindicalista"

Por sua vez, as centrais sindicais saudaram hoje o Presidente Lula por manter "a camisola de sindicalista" e elogiaram o acordo para a legalização dos imigrantes brasileiros, com a CGTP a defender a sua extensão a todos os imigrantes ilegais existentes em Portugal.

"Existe uma dimensão específica das relações entre Portugal e Brasil, mas não se pode ter no plano nacional um princípio de excepção", afirmou, à saída de um encontro com o Presidente brasileiro, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva.

De acordo com o sindicalista, "este é um acordo belíssimo que, se funcionar correctamente, deverá ser extensível a todos os imigrantes em situação ilegal, nomeadamente aos provenientes dos países africanos de língua portuguesa".

O Acordo de Contratação Recíproca assinado, ontem, em Lisboa pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, António Martins da Cruz, e o seu homólogo brasileiro, Celso Amorim, prevê a regularização da situação dos 15 mil brasileiros ilegais em Portugal.

Já o líder da UGT, João Proença, frisou que "Lula é determinado na defesa de uma globalização diferente, com respeito pelos valores sociais", sublinhando também que gostou de ver o Presidente brasileiro "assumir a camisola de sindicalista" durante a reunião.

Carvalho da Silva destacou igualmente a importância da eleição de Lula como Presidente do Brasil para a "dignificação dos sindicalistas".

"Somos sempre muito mal tratados, mas Lula é uma prova de que é possível um sindicalista ver o seu valor reconhecido", salientou.

Por fim, o recenseamento eleitoral permanente, o funcionamento dos serviços consulares brasileiros e a imigração em Portugal foram os principais assuntos hoje abordados, em Lisboa, entre o Presidente do Brasil e membros do Partido dos Trabalhadores.

Mais de uma centena de brasileiros residentes em Portugal despediram-se depois do Presidente do Brasil em ambiente de festa.

Lula parte ainda hoje para Londres, onde participará, amanhã e segunda-feira, numa reunião de chefes de Estado e de Governo de centro-esquerda.

Terça-feira, inicia uma visita de Estado de três dias a Espanha, onde realizará encontros com o rei Juan Carlos e com o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar.

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