Jornalista sueco morto a tiro em Cabul

Nils Horner era correspondente da rádio pública sueca e foi morto em pleno dia, numa das zonas mais seguras da capital afegã.

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A segurança em Cabul foi reforçada para o funeral do vice-Presidente Mohammad Qasim Fahim Omar Sobhani/Reuters

Um jornalista sueco foi morto a tiro na zona das embaixadas em Cabul, num ataque pouco habitual contra civis estrangeiros na capital afegã e que acontece a menos de um mês das eleições presidenciais.

Segundo fontes da polícia afegã, Nils Horner, correspondente da rádio pública sueca e detentor também de passaporte britânico, dirigia-se para o restaurante libanês que foi atacado à bomba no início do ano pelos taliban. “Ouvi um disparo e vi um homem cair”, contou à AFP uma testemunha, adiantando que o atacante, acompanhado por um suposto cúmplice, se pôs de imediato em fuga.

Outra testemunha contou à correspondente do jornal britânico Guardian em Cabul ter visto o jornalista a sair do carro, numa congestionada rotunda de Wazir Akbar Khan, e a caminhar pela rua antes de ser abordado por um homem armado. “Ele foi baleado na cabeça e a rua ficou coberta de sangue”, contou Zubair Mohammad. O jornalista foi levado para o hospital, onde foi confirmado o óbito. Uma fonte da polícia ouvida pelo jornal britânico disse que o atacante terá usado um silenciador.

A morte do jornalista, de 51 anos, foi confirmada pela embaixada sueca e pela rádio pública SR. “Este é um dos piores dias da história da rádio. O Nils era um dos nossos melhores jornalistas e um dos mais experientes”, disse à AFP, a directora da estação, Cilla Benkö. Sediado em Hong-Kong, Nils Horner tinha já estado no Afeganistão em 2001, a acompanhar os combates que levaram à queda do regime taliban. Dois anos mais tarde, relatou para a rádio sueca a invasão norte-americana do Iraque.

Zabiullah Mujahid, tido como o principal porta-voz dos taliban afegãos, negou o envolvimento dos rebeldes no ataque – “já verificámos com os nossos combatentes e eles não estão implicados”, disse à AFP –, mas há a possibilidade de o ataque ter sido obra de uma facção dissidente.

Wazir Akbar Khan, no centro de Cabul, é uma das zonas tidas como mais seguras da capital afegã. Rodeada de um sem fim de controlos do Exército e da polícia, alberga a maioria das embaixadas, edifícios governamentais e várias residências utilizadas por jornalistas estrangeiros, todos dotados de seguranças privados. No passado, os taliban conseguiram iludir a segurança e lançar ataques de grande visibilidade – o último dos quais contra o La Taverne du Liban, visado por um comando suicida que matou 21 pessoas, a maioria estrangeiros.

Não há, no entanto, registo de um civil ser morto a tiro, em plena luz do dia e no meio da confusão de Cabul. O incidente deverá, por isso, agravar os receios dos estrangeiros que residem na capital, seja dos cooperantes internacionais, seja dos jornalistas que vão cobrir as presidenciais de 5 de Abril. Nils Horner foi morto a horas do funeral do vice-Presidente afegão, o dirigente tajique Mohammad Qasim Fahim, que morreu de ataque cardíaco no domingo. Por causa das cerimónias, a segurança na capital foi reforçada.

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