Israel bombardeia Exército sírio em resposta a explosão nos Golã

Governo israelita acusa Assad de ataque contra as suas forças.

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Tanques israelitas junto à linha de cessar-fogo nos Golã Jalaa Marey/AFP

Israel e Síria trocaram esta quarta-feira avisos em tom de ameaça. Uma explosão que feriu quatro soldados na terça-feira levou os israelitas a lançarem ataques contra vários alvos nos Montes Golã, “actos agressivos que ameaçam a segurança da região”, segundo Damasco. Os bombardeamentos israelitas mataram uma pessoa. “Vamos atacar os que nos atacam”, garante, por seu turno, o Governo israelita.

“Avisámos Israel contra as suas tentativas desesperadas que incitam à escalada e à tensão”, diz o Exército sírio num comunicado. De acordo com o Governo de Bashar al-Assad, os raides israelitas contra quatro posições militares no lado sírio dos Golã mataram uma pessoa e feriram sete.

Israel não costuma admitir oficialmente as incursões militares no território sírio. Desta vez, pelo contrário, o próprio ministro-ministro confirmou os ataques aéreos poucas horas depois.

“O Exército israelita atacou alvos em território sírio. Em causa estão elementos sírios que não só favoreceram como cooperaram com os ataques às nossas forças”, disse Benjamin Netanyahu no conselho de ministros.

O ministro da Defesa, Moshe Yaalon, já dissera considerar “o regime de Assad responsável”. Se Assad “continuar a cooperar com agentes terroristas que tentam prejudicar o Estado de Israel, pagará um preço elevado”, avisou ainda Yaalon.

Um comunicado militar israelita precisa que a aviação atingiu uma infra-estrutura usada para treinos, quartéis-generais militares e baterias de artilharia, todas “posições que serviram para realizar o ataque contra os soldados”.

A explosão de uma bomba na terça-feira feriu quatro pára-quedistas israelitas em patrulha perto da linha de cessar-fogo com a Síria. Um dos soldados está internado em estado grave.

O Hezbollah tem unidades na Síria a colaborar com Assad – e as últimas incursões israelitas na Síria visavam enviar uma mensagem ao grupo xiita libanês e ao Irão, o seu patrono. O Governo de Netanyahu chegou mesmo a informar Assad através de canais diplomáticos que não queria envolver-se no conflito e só reagiria “contra o Hezbollah, não contra o regime sírio”.

Os incidentes junto à zona de fronteira têm acontecido com cada vez mais frequência, mas são quase sempre menores, com tiros de armas ligeiras ou rockets.

Vários analistas israelitas citados pelos media locais consideram muito provável que desta vez o regime sírio esteja implicado. “O ataque foi profissional, não há dúvidas de que os sírios estavam ao corrente, talvez o tenham realizado eles mesmos, num favor ao Hezbollah”, disse à rádio do Exército o general Amos Yadlin.

“Isso muda as regras do jogo, e se a Síria muda as regras do jogo, Israel deve fazer passar a mensagem que o preço será elevado”, defende o antigo chefe da secreta militar.

Israel capturou os Golã à Síria na guerra de 1967, mas a sua anexação nunca foi reconhecida internacionalmente. Um cessar-fogo em vigor desde 1974 é vigiado por uma força das Nações Unidas.

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