Hugo Chávez nomeou novo ministro dos Negócios Estrangeiros a partir do hospital

Só o Presidente pode tomar estas decisões e Nicolás Maduro garantiu que a escolha é de Chávez. Elias Jaua é o novo responsável pela diplomacia.

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Maduro entrega o relatório e contas do Governo ao presidente do Parlamento AFP

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi breve na intervenção que fez, na terça-feira (noite em Lisboa), perante o Parlamento de Caracas. Não foi um verdadeiro discurso sobre o estado da Nação, porque esse, diz a Constituição, tem que ser feito "pessoalmente" pelo chefe de Estado. Mas anunciou que o país tem um novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Elias Jaua, escolhido por Hugo Chávez na cama do hospital de Cuba onde está internado.

Maduro falou durante dez minutos apenas. E neles defendeu o direito de Hugo Chávez governar o país a partir do hospital cubano. O Presidente não é visto há um mês, desde que foi operado pela quarta vez a um cencro na região pélvica.

"Estamos a cumprir rigorosamente a Constituição", disse Maduro, com o livro da Lei Fundamental na mão - uma atitude que começa a tornar-se a sua imagem de marca (quando Maduro fala, a Constituição que Chávez ajudou a redigir em 1999 está quase sempre com ele).

No ano passado, quando foi o Presidente a fazer o discurso sobre o estado da Nação, falou durante nove horas e meia, relembra a Reuters. Pelo que a brevidade de Maduro, prossegue esta agência, espantou num homem que, no último mês "se esforçou por imitar o carisma de Hugo Chávez". Este, que está com 58 anos, foi reeleito em Outubro para um quarto mandado como chefe de Estado e o Supremo Tribunal venezuelano considerou que, tratando-se de uma reeleição, a tomada de posse pôde ser adiada já que há "continuidade" política.

Por isso, qualquer mexida no Governo, como aconteceu nos Negócios Estrangeiros, tem que ser uma decisão de Chávez. É um cargo importante na Venezuela e Maduro passou por ele antes de chegar à vice-presidência. Jaua já foi vice-presidente e ministro da Agricultura, é considerado um "chavista" da linha mais pura. Era, agora, professor universitário.

A oposição, como se previa, criticou o discurso de Maduro e a permissão que o Supremo deu a Chávez para governar apesar de ausente por tempo indeterminado.  "O que se passa é que temos um Governo ilegítimo. O que exigimos é que as decisões sobre a Venezuela sejam tomadas na Venezuela", disse a advogada e membro da oposição Maria Corina Machado.

A oposição (unida numa frente) considera que os chavistas estão a orquestrar um golpe administrativo que lhes permita ficar no poder caso Chávez morra ou se vier a provar-se que não pode reassumir a presidência. A oposição marcou uma manifestação de protesto para o dia 23 de Janeiro, em Caracas, tendo o Governo respondido marcando outra, a que chamou "Tomada de Caracas", em apoio a Chávez e ao Governo. 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 

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