Hollande exige aos seus ministros fim das polémicas por causa dos ciganos

Presidente francês quer o “fim definitivo” das divisões que envolvem os seus ministros em relação à integração da comunidade cigana.

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Os ministros Manuel Valls e Cécile Duflot FRANCOIS GUILLOT/AFP

O Presidente francês, François Hollande, quer acalmar as divisões internas do seu Governo em torno da comunidade cigana. Através da porta-voz do executivo, Najat Vallaud-Belkacem, Hollande apelou “ao fim definitivo das polémicas dos últimos dias”.

A porta-voz do Eliseu falava esta quarta-feira à saída de um Conselho de Ministros, em que os desentendimentos no seio do Governo estiveram em cima da mesa. “Insisto que todos os ministros tenham em atenção a sua missão, o seu comportamento, a forma como se expressam e, claro, como actuam”, terá alertado Hollande, de acordo com assessores ouvidos pela agência Reuters.

Os últimos tempos têm sido férteis em desavenças dentro da equipa governativa de Hollande em torno da comunidade cigana – na sua maioria imigrantes da Roménia ou da Bulgária. Na semana passada, o ministro do Interior, Manuel Valls, afirmou que os ciganos “têm modos de vida completamente diferentes dos [franceses]”, para acrescentar que a sua integração noutro país “é ilusória”. “Partilho a opinião do primeiro-ministro romeno, quando diz que os ciganos têm vocação para ficar na Roménia, ou a regressar lá”, defendeu o ministro.

A reacção às palavras de Valls veio da ministra da Habitação, Cécile Duflot, do partido Europa Ecologia, que criticou a perspectiva do seu colega de governo. “Não se pode considerar que há duas categorias de população, cuja origem justifique que não se possam integrar”, sustentou Duflot. Falando directamente para Valls, a ministra afirmou que “não é da responsabilidade dos ministros, é da responsabilidade do Presidente da República”. Mais tarde, Valls referiu-se às declarações de Duflot como “insuportáveis”.

Desde a adesão da Roménia e da Bulgária à União Europeia, em 2007, que estão em vigor restrições à circulação dos seus cidadãos pelo espaço Schengen, que só podem ficar até três meses num outro Estado-membro. O estatuto de Schengen prevê que este regime termine a 1 de Janeiro de 2014, mas existe a possibilidade de cada país vetar a admissão ao espaço de livre circulação.

O Eliseu fez saber que respeita “escrupulosamente” a população cigana “e que isso não pode ser nunca posto em dúvida”. Segundo um comunicado, citado pela AFP, a política do Governo francês é “a integração das populações em causa, quando as possibilidades e as vontades existem”.

De acordo com o El País, esta é uma forma hábil de Hollande lidar com as divisões no seu Governo, admoestando ambos os ministros envolvidos.

Apesar das recomendações da Comissão Europeia e de várias ONG (organizações não-governamentais) em relação às políticas de desmantelamento dos acampamentos das comunidades ciganas, Hollande vê em Valls um valioso trunfo político, num momento em que o seu executivo atravessa uma crise de popularidade. Manuel Valls – considerado o ministro mais à direita do Governo de Hollande – é o ministro mais popular do actul executivo. Uma sondagem publicada pelo Le Parisien, no fim-de-semana passado, revelou que 77% dos franceses concordam que os ciganos e imigrantes de Leste mostram pouca vontade em se integrar.
 
 
 
 

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