Tribunal Eleitoral das Honduras dá vitória ao candidato oficialista nas presidenciais

Estão apurados 67% dos votos e só cinco pontos separam os principais candidatos, mas o presidente daquele organismo diz que a tendência é "irreversível".

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Juan Orlando Hernandez, o candidato da direita Jorge Cabrera/Reuters
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Xiomara Castro, a candidata da esquerda Jose CABEZAS/AFP

O Supremo Tribunal Eleitoral das Honduras anunciou esta quarta-feira que a vitória do candidato oficialista, Juan Orlando Hernández, é "irreversível" quando estão contados 67% dos votos.

Hernández, do Partido Nacional,  tem 34.8% dos votos e a sua principal adversária, Xiomara Castro, candidata do Partido Liberdade e Refundação (esquerda), 28,92 %. Apesar desta proximidade, o presidente do Tribunal Eleitoral, David Matamoros, disse à estação de televisão e rádio nacional que "a tendência de voto é irreversível".

"Não estamos a declarar um vencedor ou um derrotado", disse Matamoros, mas os resulyados já divulgados "reflectem uma tendência de voto que é irreversível".

Os dois candidatos declaram-se vencedores mesmo antes da divulgação oficial dos resultados, o que fez prever confrontos pós-eleitorais num dos países mais violentos do mundo.

O candidato do Partido Nacional (direita) no poder foi o primeiro a proclamar vitória na noite de domingo. “Vou ser o próximo Presidente das Honduras”, declarou quando ainda só estavam contados 34% dos votos e ele tinha seis pontos de avanço em relação à sua adversária mais directa. Xiomara Castro falou logo de seguida. “Eu sou a Presidente das Honduras”, anunciou.

Algumas horas depois, quando os números, com mais de metade dos votos contados, davam cinco pontos de avanço a Hernandez (34% contra 29% de Castro), o marido da candidata de esquerda, o ex-Presidente Manuel Zelaya, acusou o poder de querer “roubar” a vitória da sua mulher.

“Xiomara ganhou a presidência. Eles não podem fazer isto. Eles estão a roubar-nos as eleições”, acusou Zelaya numa conferência de imprensa, antes de anunciar uma “reunião de urgência” para decidir acções para refutar os resultados eleitorais.

Zelaya, que foi eleito em 2006 em nome do Partido Liberal (centro-direita), foi afastado do poder em 2009 por um golpe militar, numa altura em que a direita e os militares consideraram que ele estava a virar demasiado à esquerda. Após a sua destituição, criou um partido de esquerda e lançou a sua mulher como candidata à presidência.

A eleição de domingo era vista como uma ocasião para sarar as feridas deixadas pelo golpe militar e dava aos hondurenhos a possibilidade histórica de alternância política num país que, ao longo do último século, foi sempre governado à direita, ora pelo Partido Nacional, ora pelo Partido Liberal.

“Vivemos uma festa histórica. A festa cívica decorreu na tranquilidade”, disse o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral ao final do dia, anunciando que a participação dos eleitores foi de 61% (habitualmente, ronda os 50%).

Outro motivo de satisfação foi a ausência de violência na jornada eleitoral, num país que tem a mais alta taxa de homicídios do planeta (85,5 por 100 mil habitantes em 2012, cerca de 20 mortos por dia).

Protegidos por 25 mil polícias e militares encarregues de garantir a segurança das eleições, os hondurenhos tinham por missão escolher o sucessor do Presidente Porfirio Lobo (Partido Nacional), eleito em 2009 no seguimento do golpe militar, numas eleições que foram boicotadas pela oposição de esquerda. No país estiveram 800 observadores estrangeiros para garantir a transparência do escrutínio.

Actual presidente do Congresso, Juan Orlando Hernandez, homem de negócios de 45 anos e apoiante do golpe militar de 2009, muitas vezes criticado pelo seu autoritarismo, fez a campanha centrada no tema da segurança, prometendo lutar com mão de ferro e com o apoio dos militares contra a criminalidade galopante. Uma mensagem que foi bem recebida pela população. “O principal problema é a violência, provocada pelo desemprego. As pessoas estão habituadas a matar para ganhar dinheiro”, disse à AFP, Pedro Garay, um economista, de 72 anos, na reforma, depois de ter votado.
 
 
 
 
 
 
 

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