Dhlakama vai sair da clandestinidade para encontro com Guebuza na sexta-feira

Delegação internacional vai à Gorongosa buscar o líder da Renamo, que deverá assinar acordo de cessar-fogo em Maputo.

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Dhlakama está na Gorongosa desde Outubro de 2012 JINTY JACKSON/AFP

O líder histórico da oposição moçambicana Afonso Dhlakama vai sair da clandestinidade para um encontro, na sexta-feira, com o Presidente Armando Guebuza, destinado a consolidar o cessar-fogo acordado entre os dois campos, anunciou o seu partido , a Renamo.

“Convidamos os nossos militantes, simpatizantes, admiradores e a população em geral a juntar-se a nós para acolher o presidente Dhlakama, quinta-feira à tarde no aeroporto de Maputo”, declarou o porta-voz da Renamo, Antonio Muchanga, numa conferência de imprensa.

O encontro entre Gebuza e Dhlakama era muito esperado, depois do acordo de cessar-fogo alcançado em Agosto para pôr fim a dois anos de confrontos armados esporádicos entre as forças de ordem e os guerrilheiros da Renamo. Dhlakama deverá, em princípio, assinar esse acordo.

Uma delegação diplomática internacional, liderada por Itália e que conta com a participação dos Estados Unidos, do Reino Unido, de Portugal (José Augusto Duarte, embaixador português em Maputo, integra a comitiva) e do Botswana, deve ir buscar Dhlakama à Gorongosa (Centro) já na quarta-feira. É nesta região montanhosa, situada a mais de mil quilómetros da capital, que Dhlakama viveu, mais ou menos clandestino, desde Outubro de 2012, denunciando a política do Governo e orquestrando acções de guerrilha dos seus homens.

A poucas semanas das eleições previstas para 15 de Outubro em Moçambique, o encontro entre Guebuza e Dhlakama é mais um sinal de apaziguamento político, depois de meses de negociações infrutíferas que começavam a deixar nervosos os investidores estrangeiros.

Originalmente uma guerrilha anti-marxista que lutou contra a Frelimo durante a guerra civil que fez um milhão de mortos entre 1977 e 1992, a Renamo reconverteu-se em partido da oposição depois dos acordos de Roma. Mas as relações entre os dois partidos foram-se deteriorando, com a Renamo a acusar a Frelimo de monopolizar o poder e de se apropriar das riquezas do país.

Para além de uma amnistia, o acordo de cessar-fogo assinado em Agosto, na ausência de Dhlakama, prevê também a integração dos homens da Renamo nas forças de segurança nacional.

Mas há questões que ainda ficaram em suspenso, nomeadamente o facto de ao longo dos últimos 20 anos terem sido negados numerosos postos aos membros da oposição. Por outro lado, a Renamo, que tem o objectivo de se tornar uma organização puramente civil, manteve o direito a guardar as suas armas.

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