Detido suspeito de raptar, torturar e violar menina de cinco anos na Índia

Protestos voltam às ruas de Nova Deli para denunciar insegurança das mulheres na Índia e acção displicente da polícia.

Nova violação e acção da polícia gerou onda de indignação na Índia
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Nova violação e acção da polícia gerou onda de indignação na Índia Mansi Thapliyal/Reuters
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A polícia tem sido alvo de muitas críticas na Índia Adnan Abidi/Reuters
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Nova Deli é considerada a “capital das violações da Índia” Adnan Abidi/Reuters

Os indianos voltaram à rua para condenar, em fúria, mais um sórdido caso de violação. Desta vez, a vítima é uma menina de cinco anos, que foi raptada no domingo e até quarta-feira, quando foi encontrada num apartamento do mesmo edifício onde vive com a família, foi torturada e repetidamente violada. A polícia indiana já deteve um suspeito.

Manoj Kumar tem 25 anos e tinha-se casado recentemente, de acordo com a imprensa local. As autoridades indianas conseguiram localizá-lo através dos registos de telecomunicações do suspeito, que tinha deixado Nova Deli, onde ocorreram os crimes, e se tinha dirigido para casa dos sogros, no estado de Bihar, no leste do país. Foi detido neste sábado.

A menina encontra-se hospitalizada desde quarta-feira, dia em que foi encontrada pelos pais. Foram alertados por um vizinho, que ao passar pelo apartamento de Manoj Kumar, no rés-do-chão do mesmo edifício onde mora esta família, ouviu alguém chorar no interior. Kumar já lá não estava e tinha deixado à fome a criança, que se encontrava semiconsciente.

O quadro clínico da menina é preocupante. O seu estado é crítico, dizem os médicos, mas está a ser estabilizado. “Encontrámos uma garrafa de 200 milímetros e dois, três fragmentos de uma vela inseridos nas suas partes íntimas”, revelou o superintendente clínico do Swami Dayanand Hospital, R.K. Bansal, citado pelo The New York Times. “Esta é a primeira vez que vi tamanha barbaridade. Ela tem lesões nos lábios, nas bochechas, nos braços e na zona do ânus. O pescoço tinha hematomas que sugeriam que tinha sofrido tentativas para a estrangular.”

Os médicos tiveram entretanto de a submeter a uma cirurgia para a ajudar nos movimentos intestinais.

A criança desapareceu no domingo passado, mas os pais não conseguiram apresentar queixa de imediato por causa da resistência da polícia. Só na segunda-feira o conseguiram fazer. Os pais lamentaram publicamente que as autoridades não os tenham levado a sério logo de início e revelaram que lhes tinham sido oferecidas duas mil rupias (cerca de 28,4 euros) para não oficializarem a queixa do desaparecimento da filha.

“Eles estavam relutantes em registar a nossa queixa”, denunciou o pai da menina, citado pela imprensa local. “E depois disseram-nos para ficarmos contentes com o facto de que pelo menos tinha sido encontrada com vida.”

Dezenas de pessoas reagiram a esta revelação da família com um protesto junto do hospital de Nova Deli onde a menina se encontra. Nesse protesto, uma das manifestantes foi agredida por um agente da polícia, com um estalo, o que provocou a uma onda de indignação, dos populares aos responsáveis políticos. O primeiro-ministro, Manmohan Singhm, disse tratar-se de um caso “vergonhoso” e ordenou que o chefe da investigação e o agente que esbofeteou a manifestante fossem suspensos, enquanto se apura a veracidade da acusação dos pais.

Há novos protestos a acontecer neste sábado. O movimento activista a favor dos direitos das mulheres tem vindo a crescer na Índia, sobretudo depois da morte de uma estudante de 23 anos, em Dezembro, na sequência dos ferimentos infligidos por uma violação colectiva no norte do país. A história correu o mundo e, desde então, tem estado na ordem do dia a questão da insegurança das mulheres na Índia. O papel da polícia nos casos de violação também tem sido muito criticado.

Nova Deli é considerada como a “capital das violações da Índia” – a cidade registou em 2011 mais do dobro de casos de agressões sexuais do que Bombaim, por exemplo – e as mulheres estão agora mais alerta quando andam na rua à noite ou nos transportes públicos. Ainda assim, este é um problema comum a todo o país. Há pouco mais de um mês, uma turista suíça foi vítima de uma violação colectiva quando se deslocavam para o famoso palácio do Taj Mahal, em Agra.

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