Comissão parlamentar italiana afirma que ex-URSS planeou assassinato de João Paulo II

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A comissão considerou que o Papa era um perigo para o bloco soviético, por apoiar o movimento sindical Solidariedade, na Polónia EPA

Uma comissão parlamentar italiana concluiu, "para além de qualquer dúvida razoável", que os dirigentes da ex-União Soviética estiveram por trás da tentativa de assassinato do Papa João Paulo II em 1981.

A comissão considerou que o Papa representava perigo para o bloco soviético, devido ao seu apoio ao movimento sindical Solidariedade, na sua Polónia natal. O Solidariedade foi o primeiro sindicato livre nos países comunistas da Europa de leste.

"Esta comissão acredita, para além de qualquer dúvida razoável, que os líderes da União Soviética tomaram a iniciativa de eliminar o Papa Karol Wojtyla", lê-se num rascunho do relatório da comissão a que a agência Associated Press (AP) teve acesso.

Este documento preliminar não se apoia em investigações judiciais (que foram encerradas há muitos anos), mas, se for aprovado, será a primeira vez que uma entidade oficial atribui culpas à União Soviética. O relatório tem de ser aprovado por toda a comissão, que se reúne no dia 7.

O relatório também diz que uma fotografia mostra que um homem búlgaro absolvido de envolvimento na tentativa de assassinato de 13 de Maio de 1981 estava na Praça de São Pedro quando o pontífice foi atingido a tiro pelo turco Mehmet Ali Agca.

Alegadamente os serviços secretos búlgaros estariam a trabalhar para os serviços secretos militares da União Soviética, mas um tribunal italiano considerou as provas insuficientes para condenar os búlgaros por envolvimento na conspiração.

Ali Agca mudou várias vezes a sua história e os investigadores disseram que nunca foi claro para quem é que ele estava a trabalhar. Agca esteve preso primeiro em Itália e depois na Turquia, onde deverá ser libertado, em 2010.

Esta comissão italiana foi inicialmente constituída para investigar a penetração do KGB em Itália durante a Guerra Fria. O relatório preliminar diz que a comissão usou todas as provas reunidas durante os julgamentos em Itália, bem como a informação fornecida por um juiz francês encarregue do combate ao terrorismo, Jean-Louis Bruguiere.

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