Combates em Aden agravam situação no Iémen

Piores confrontos dos últimos anos na cidade onde Presidente se refugiou em Fevereiro. Raide aéreo contra palácio presidencial.

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Apoiantes e adversários do Presidente nas Forças Armadas confrontaram-se na segunda cidade do país Yaser Hasan/Reuters

Combates entre apoiantes e adversários do Presidente do Iémen nas Forças Armadas, e um raide aéreo contra o seu palácio em Aden, a principal cidade do Sul, confirmaram a gravidade e complexidade da situação num país onde as facções proliferam.

Foi em Aden, de onde é natural, que o Presidente, Abdu Mansour Hadi, se refugiou depois de em Fevereiro ter escapado a um cerco que os rebeldes xiitas huthis fizeram à sua casa na capital, Sanaa, cidade que controlam.

Os confrontos iniciados na noite de quarta-feira em Aden foram os mais graves dos últimos anos na cidade – terão sido mortas pelo menos 11 pessoas, 13 noutras versões; e feridas mais de cinco dezenas. Frente a frente estiveram, segundo a AFP, forças chefiadas por Abdel-Hafedh al-Saqqaf, um general que não reconhece a autoridade de Hadi, e os “comités populares” – unidades auxiliares do Exército, que o defendem.

Soldados regulares leais ao Presidente, liderados pelo seu ministro da Defesa, Mahmoud al-Soubeihi, socorreram os comités. Ao fim da manhã desta quinta-feira os partidários de Mansour Hadi assumiram o controlo do aeroporto. Mais tarde, um avião de combate fez um raide sobre o palácio presidencial, mas não o atingiu. O Presidente está em “lugar seguro”, disse fonte do seu gabinete, citada pela Reuters.

Abdel-Hafedh al-Saqqaf, que mantém uma força de 1500 a 2000 homens, ignorou em Fevereiro uma ordem de demissão de Mansour Hadi. É tido como fiel ao antigo Presidente Ali Abdullah Saleh e estará aliado aos huthis, provenientes do Norte.

Os novos focos de instabilidade no Iémen desviaram um pouco as atenções da Al-Qaeda da Península Arábica, durante muito tempo considerada a principal ameaça à integridade do país. Em Setembro, os huthis, um grupo xiita, com ligações ao Irão, instalaram-se em Sanaa. Hadi coexistiu com eles até que a pressão se acentou. Chegou a fazer uma declaração de demissão, que retirou depois de escapar para Aden, a partir de onde procura continuar a exercer o poder.

A disposição de forças na segunda cidade do país é reveladora – ainda que apenas parcialmente – da mistura explosiva que é hoje o Iémen, onde proliferam lealdades e as Forças Armadas estão divididas. Para além dos três grupos envolvidos nos mais recentes confrontos, também os separatistas sulistas ocupam posições na cidade Aden.

Os “comités populares”, que em 2011, em plena revolta popular contra Saleh assumiram protagonismo, ao expulsarem membros da Al-Qaeda de várias cidades do Sul, ocupam os principais lugares estratégicos de Aden, segundo a AFP. Fiéis a Hadi, têm oficialmente como missão impedir infiltrações huthis na cidade.

Neste quadro, a Al-Qaeda terá as suas células locais “adormecidas”. Mas em Sanaa voltou a dar sinal de si, ao reivindicar o assassínio de um reputado jornalista, Abdel Karim al-Khiwani, que em 2008 ganhou um prémio da Amnistia Internacional para repórteres em situações de perigo. Uma cidadã francesa e outra iemenita que tinham sido raptadas em Fevereiro na capital foram entretanto libertadas por uma tribo iemenita.

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