Assad autoriza entrada de alguma ajuda humanitária na Síria

Regime permitiu que seja enviado auxílio por estrada para 12 zonas cercadas por combates, mas nada disse sobre a ajuda por via aérea que a ONU considera necessária.

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Alepo continua a ser violentamente bombardeada KARAM AL-MASRI/AFP

O Governo do Presidente Bashar al-Assad autorizou a entrada de ajuda humanitária por via terrestre para 12 zonas da Síria cercadas por tropas governamentais durante o mês de Junho, e para três outras áreas autorizou que seja encaminhada apenas alguma ajuda limitada, anunciou a ONU. Em contrapartida, negou o auxílio a duas outras zonas cercadas e nada disse quanto a autorizar entregas de ajuda por via aérea a zonas bloqueadas.

Mais de 600 mil pessoas vivem na Síria em 19 zonas ou localidades bloqueadas pelos combatentes, sobretudo por tropas do regime, e mais de quatro milhões em zonas de difícil acesso. Muitas destas pessoas sofrem de malnutrição, e não têm acesso há anos a outras condições de sobrevivência essenciais, como tratamento médico, ou água potável e aquecimento.

As grandes potências envolvidas nas negociações de paz para a Síria acordaram que se a entrada de ajuda humanitária continuasse a ser bloqueada, o Programa Alimentar Mundial começaria a lançar ajuda humanitária sobre os territórios cercados por via aérea, a partir de 1 de Junho. Mas o enviado especial adjunto da ONU para a Síria, Ramzy Ezzeldin Ramzy, citado pela AFP, explicou em Genebra que esses lançamentos não estão iminentes por causa da complexidade da operação e da necessidade de ter luz verde do regime de Damasco.

Vários diplomatas ocidentais, ouvidos esta sexta-feira em Nova Iorque, quando se realizou uma sessão à porta fechada do Conselho de Segurança, comentaram com a Reuters que a autorização dada por Damasco à entrada da ajuda humanitária por terra pode ser uma forma de desviar atenção da discussão sobre o envio de auxílio por via aérea para as zonas mais carenciadas e para as quais recusou permissão. Também não seria a primeira vez que o Governo de Assad voltaria atrás nas promessas de permitir o auxílio às pessoas que mais precisam dele.

As negociações de paz para a Síria estão em total paragem, depois da demissão, no domingo, do principal negociador da oposição, Mohammed Allouche, em protesto contra a continuação dos bombardeamentos do regime de Assad e “a incapacidade da comunidade internacional” em obrigar à aplicação das resoluções, nomeadamente as do âmbito humanitário.

Exemplo disso são os violentos bombardeamentos que continuam a fustigar Alepo. Foram de tal forma intensos que as orações desta sexta-feira foram canceladas na zona Leste da cidade, sob controlo da oposição armada, diz a AFP.

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